PATATIVA DO ASSARÉ, UM POETA DO POVO

Você já ouviu falar em Antônio Gonçalves da Silva? Você sabe quem foi Patativa do Assaré? Antônio Gonçalves da Silva, o nosso poeta do Cariri, cantou a nossa desgraça, falou do sofrimento do camponês, e sobretudo daquele que não tem terra para plantar e nem dinheiro para sua sobrevivência. O vate de Santana do Cariri não teve tempo de falar das doidivanas, não se preocupou de cantar tolices como muita gente tem feito. Patativa cantava o sofrimento do pária da roça, daquele que até hoje não teve terra para trabalhar e nem o apoio total do nosso regime brasileiro. O nosso poeta caririense teve muito mais sensibilidade com o povo humilde do que a maioria dos intelectuais brasileiros e letrados. O segrel do Assaré mostrou a desigualdade social e seus versos autênticos e sinceros. O autor de Digo e não peço segredo, cantou a falta de igualdade deste Brasil que tanto prega respeito e amor ao próximo ou coisa que o valha. Em cada livro do Patativa o leitor vai encontrar o grito social, o amor ao menos protegido e o carinho pelo proletário de toda espécie. Antônio Gonçalves da Silva começou a fazer versos com treze anos de idade em sua terra natal, o velho Assaré, que fica na região do Cariri. Ele passou apenas três meses numa paupérrima escola e é autor de doze livros famosos e todos eles bem lidos por todo mundo e talvez menos pelo Brasil. O autor de inspiração nordestina tem fama por quase toda a Europa, menos no nosso Brasil e seu também. Enquanto Olavo Bilac andava pelas ruas do Rio de Janeiro, ou pelas faculdades do país, o nosso Patativa estava no rabo da enxada trabalhando para sustentar sua família e alguns parentes. Enquanto um Jorge Amado cursava o colégio dos jesuítas da Bahia, o nosso bardo caririense plantava feijão, batatas e milhos para sobreviver, e nem por isso deixou de ser quem realmente foi. Patativa ficou respeitado mundialmente como um dos grandes intelectuais brasileiros e o maior poeta popular. Um dia virá em que o povo brasileiro aprenderá a ler de verdade e passará a conhecer com mais respeito quem foi Antônio Gonçalves da Silva, e qual será o seu verdadeiro valor. O menestrel do Cariri promana do povo pois era filho de um campesino e de uma mulher tabaroa. Patativa labutou na roça até aos sessenta anos de idade quando o nosso bardo aposentou-se e veio morar no povoado de Assaré. O meu xará cantou repente, como eu e muitos outros, no entanto ficou famoso escrevendo os seus poemas e sonetos como qualquer outro poeta erudito. O nosso vate tanto escrevera na norma culta como na norma inculta mostrando aos intelectuais que ele não era tolo. Segundo Gilmar de Carvalho, o biógrafo do Patativa, o nosso poeta era leitor de Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac, Olegário Mariano, e tinha grande paixão pela poesia parnasiana. Talvez daqui a trinta anos Patativa seja visto, como o maior poeta do povo e deste Brasil em que ele nasceu. Tenho toda a obra do genial poeta cearense e o leio bastante, e fico sempre surpreendido com tudo o quanto ele falou. Sou um admirador dos poetas do povo, entretanto o vate caririense está em primeiro lugar na minha concepção. Li outros vates que falaram do povo, mas sinto que Patativa toca bem na ferida da massa e da ralé, enfim, daqueles que vivem a sofrer sem o apoio da classe política. O legado literário de Patativa ficou para todo aquele que deseja conhecer um homem de caráter, um cidadão que sentiu o problema da massa campesina, como nenhum outro artista do povo. O porvir irá dizer algo de Patativa, talvez com mais acerto do que mesmo o passado. O nosso poeta do povo deve a sua difusão pelo mundo inteiro ao grande José Arrais de Alencar, como também ao professor de filosofia conhecido por Raimundo Cantel da Universidade de Paris, na França. Sobre a arte de Patativa, até hoje os nossos críticos não quiseram falar e dão o silêncio por resposta. Antônio Gonçalves da Silva fez arte para o povo porque ele promana do povo simples como ele.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 11/11/2013
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