VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É UM FATO, SILENCIAR É UM ATO

Quanto dói uma palavra proferida como desagravo?

Quanto pesa o braço lançado sobre o rosto de outro ser?

Quanto dói um corpo lambuzado de álcool e atirado fogo?

Quanto pesa uma ofensa, um escarro, um desrespeito, um coração dilacerado?

Alguém já mediu ou já pesou? Não? Mas a corda sempre arrebenta, não é mesmo, do lado mais frágil e dizer ser a mulher o sexo frágil, é subjugá-la a uma condição inferior, propagar um discurso sexista, machista, de divisão de espaços e barreiras socioculturais.

Diariamente me deparo com casos como estes, diariamente me pergunto que mundo é este em que vivo com tamanha dimensão separatista entre pessoas, seres, cidadãos. Dizer ser a mulher uma flor, é conduzi-la a uma condição de delicadeza - cuidado, frágil! É preciso dizer que a cada uma hora e meia morre uma mulher vitimada de violência doméstica: o sexo frágil é estraçalhado; a flor é despetalada, como se esmaga uma uva... Não se pode mais calar, achar que isso acontece do outro lado da rua, mas na sua casa não! Que seu vizinho faz, mas você não! Que quando você faz, é manifestação de amor, o outro não! Que a mulher é mercadoria, o homem não! Que o homem manda, a mulher obedece! Que a mulher é marcada e o homem esquece! Que a violência é fato, o silêncio um ato... Parceiros, maridos, ex-parceiros, são estes os agressores, são estes os responsáveis por toda falta de respeito e dignidade entre as partes envolvidas nesses atos de barbaridade, de atrocidade. Está na lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, vem para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher. No artigo 5º diz que - "Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial". Existem ainda muitas mulheres que não têm coragem de calar o silêncio, de jogar ao vento o tempo da graça, da efetivação da justiça, de buscar os meios legais de calar os atos desses agressões, de sair da condição de fragilidade e atuar frente aos seus agressores proclamando a condição de ser pensante, de ser constituído de sentimento, de afetividade, de vontades e desejos, desejosas por uma realidade diferente da atual. É preciso sair dos esconderijos, abrir portas e janelas, deixar vir a tona, sem medo de ser justa. Deixar ser exposta a cara desses agressores, dar nomes, dar corpos a esse vultos espalhados por aí, por toda parte, ceifando vidas de mulheres tidas como sexo frágil... Sexo frágil? Como flor! A história de Maria da Graça não é diferente de tantas outras Marias por aí, mas pode ser contada diferente por ter tido ousada, ter vencido o medo, ter enfrentando a insegurança e com a denúncia, poder colocar mais um infrator por detrás das grades: Esteja preso esperto, mas, cuidado, frágil!