O que é torcer para o Flamengo?"

Torcer para o Flamengo é, na verdade, fazer uma #OPÇÃO de classe. Estar ao lado do lumpenproletariado, dos trabalhadores, dos negros, dos discriminados e de todos os que, sem voz ou sem espaço em uma sociedade opressora como a capitalista, optam por torcer para o Flamengo.

É inegável que a origem do Flamengo tenha sido elitista, no final do século XIX. É inegável também que o futebol do Flamengo surgiu da dissidência de nove jogadores do Fluminense em 1911 que, preteridos por conta do aristocratismo antidemocrático do Clube das Laranjeiras, começaram a jornada no Flamengo, sem mesmo saberem que construiriam uma linda história de lutas e vitórias.

O que faria o Flamengo ser popular, mesmo tendo clubes como o Vasco da Gama, Ponte Preta e Bangu disputando a paternidade sobre a inclusão do negro e dos suburbanos em seus respectivos times?

Simples. O caráter fascinante do Flamengo. Envolvente. Contagiador das massas, até então inertes e impotentes pela opressão do Poder Público, mas que juntas, em um jogo do Flamengo, incorporavam a sua força contra a elite tricolor ou, na disputa entre Brasil x Portugal, contra o Vasco da Gama. O fato de não possuírem estádio próprio até em 1938, com a inauguração do Estádio da Gávea, fizeram com que os jogadores e ídolos do Flamengo estivessem lado a lado dos torcedores.

Igualmente, a Era Vargas, com a Rádio Nacional divulgando os jogos dos clubes cariocas, favoreceria a popularização do Flamengo, já detentor de títulos cariocas e quebrando o duelo da hegemonia tricolor/botafoguense. Só que a série de vitórias do Flamengo e a popularização deste clube como um autêntico time de massas trouxe aos demais a inveja, o recalque e o despeito. "Urubu", "mulambada", "favela", além de discriminações de cunho não apenas classista como racista também.

Isto apenas prova, de forma inconteste, o caráter popular do Flamengo, com o seu epíteto de "o mais querido do Brasil". Mesmo com times inferiores, é a torcida do Flamengo que vira o jogo e mostra pra que veio. Justamente a mesma torcida achincalhada pelas demais por ter, entre seus componentes, um estrato social composto por analfabetos, trabalhadores com Ensino Fundamental e Médio, que mal percebem renda familiar até 2 salários-mínimos. A "pecha" de banditismo caindo ao Flamengo é mais um dos preconceitos classistas de torcedores (inclusive os que abraçam a linha ideológica de esquerda!!!!!) que tentam exorcizar o caráter vencedor de um clube popular.

Em seu afã de desmerecer um time popular como o Flamengo, os mesmos detratores chegam à incoerência de afirmar que o mesmo time é favorecido pela arbitragem e pelas... Organizações Globo (!!!). Ora... com todo o respeito: onde um clube de "bandidos", "favelados", negros, desempregados e trabalhadores assalariados vai ter condições econômicas capazes de atrair o olhar da Globo, da CBF e de grupamentos poderosos!?!? Estranho entender estas ilações carregadas de paradoxos e contradições, refletindo o preconceito aberto e a discriminação de classe embutida nestas visões.

Seja a perseguição de clubes elitistas (como o Grêmio, Fluminense e o São Paulo) ou de clubes de massas que, mesmo com sua história, apontam sua percepção elitista para desmerecer seus rivais (em especial ao Vasco da Gama e Atlético Mineiro), o Flamengo continua firme, de pé e... mesmo desacreditado, é empurrado pela sua torcida para um inusitado tricampeonato da Copa do Brasil, a frente de times favoritos como o Grêmio, Botafogo, Cruzeiro e Corinthians (pena que o Sport Club Internacional - Oficial não foi à final para fazer um duelo de gigantes - outro clube discriminado por um time elitista como o Grêmio).

E qual a força do Flamengo? Está no #POVO!

O mesmo povo esculachado pelas elites. O mesmo povo acintosamente achincalhado pelas piadas racistas e de classes. Mas é o mesmo povo que, mesmo nas chacotas de terceiros, encontra forças e, na torcida, empurra o mais querido para mais conquistas. Quanto maior o descrédito e o desdém, mais combustível para o poderoso Clube de Regatas do Flamengo. Até porque, "eu teria um desgosto profundo, se faltasse um Flamengo no mundo".

Wendel Pinheiro
Enviado por Cris Bezerra em 30/11/2013
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