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Duendes no Telhado

Eis porque eu prefiro acreditar em fadas e duendes:
 
Abro o site jornalístico, e a primeira fotografia que vejo mostra-me Dilma, Lula, FHC, Collor e Sarney abraçadinhos, sorrindo para as câmeras, junto ao avião que os levará ao funeral de Nelson Mandela. Adequados sorrisos! Penso: "Mas eu gostava do Fernando (o Henrique)..."
 
Hoje cedo, durante o banho, olho para o novo vidro de xampu que comprei, e está escrito: "Shampoo restaurador. Restaura em trinta dias danos causados em três anos." Será que não existe nada que possa restaurar em quatro anos danos causados desde 1500? Ah, e a gente gosta dessas mentiras! Gostamos de comprar o remédio anunciado no Facebook, onde aparece a fotografia do 'antes' e 'depois', mostrando uma mulher gorda e infeliz que, após tomar o medicamento durante trinta dias, perde 18 quilos! "Meu Deus! São seiscentos gramas por dia!" E agora ela aparece sorridente, barriga de tanquinho bronzeada, cabelo e unhas feitos, maquiagem... por que as pessoas gostam tanto de enganar a si mesmas?
 
Ainda no Face, vejo fotografias de pessoas conhecidas abraçadas, sorridentes, os polegares para cima, falando de amor e união quando, há alguns dias, estavam se maldizendo e querendo pegar o fígado umas das outras para servir no jantar. Não aguento tanta hipocrisia!
 
Deve haver alguma coisa errada comigo. Eu sei que seria muito mais  amada e respeitada se pelo menos eu conseguisse agir da mesma forma. Mas embora eu não me ache nunca melhor do que ninguém (e tenha passado anos e anos de minha vida achando-me pior que todos), eu simplesmente não posso... não consigo. Tem coisas que batem no estômago da gente e a gente não consegue digerir.
 
As pessoas são movidas apenas por interesses, sejam eles financeiros ou de outros tipos, e arrebanham-se em volta daqueles que eles consideram os mais fortes (não os mais verdadeiros) por puro pavor de um dia acordarem sozinhas. Engolem sapos gigantescos, que incham-lhes os estômagos e saem pela boca em forma de arrotos fedorentos, apenas para dizerem que fazem parte do grupo, que são aceitos, que estão felizes... 
 
Ontem alguém me disse: "Não tome partido de ninguém, porque às vezes, o mais fraco é apenas um hipócrita disfarçado." Por que eu nunca escuto?
 
 Bem, mas mesmo que aos quarenta e oito anos de idade, nunca é tarde para recomeçar a agir diferente, preocupar-me mais com meus próprios interesses (com os quais ninguém até hoje demonstrou qualquer preocupação), fazer as coisas que me tragam realização ( pela qual até hoje pouquíssimos demonstraram se interessar) e tratar de ser feliz. Porque quando a gente fica fazendo perguntas demais à vida, e aprende a ouvir as respostas, acaba entendendo que a única resposta para todas as nossas dúvidas transcendentais ou práticas, é uma só: divirta-se, porque no fim, ninguém sai daqui vivo.

E amar, cada vez mais, aos cachorros, gatos e passarinhos.


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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 11/12/2013
Reeditado em 11/12/2013
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