Redefinição Atrasada

Já passou da hora de permitirmo-nos um choque de consciência que nos leve à redefinição da nossa conduta.

Depois das enchentes de hoje em todo o Rio e em municípios próximos, com mortes; centenas de desabrigados, às vésperas do Natal e Ano Novo; com arrastões em nossas vias públicas; com viaturas policiais alagadas e impedidas de trafegar; com desabamentos como os do morro do Alemão – diante de uma soma expressiva de recursos despendidos pelo governo municipal em obras que não vão atender à condição fundamental para a mobilidade urbana, que é a retirada dos carros das ruas;

Depois de um deputado petista, comprovadamente condenado por ter recebido R$ 50 mil que diz ter aplicado no partido, se comparar a Mandela;

Depois das explorações predatórias da Mata Atlântica em São Paulo, realizadas por firmas empreendedoras na febre da construção de condomínios, sem que essa ação possa ser impedida pelos órgãos estaduais/federais competentes – exploração que pode contribuir para a poluição das águas do Rio Paraíba do Sul que, junto com o Guandu, é o responsável pelo abastecimento do Rio de Janeiro;

Depois da comprovação da ineficácia das faixas exclusivas para ônibus e outros veículos especiais em corredores de tráfego, como solução para os problemas de trânsito nas principais cidades do país, esquecendo-se mais uma vez do transporte sobre trilhos e aquaviário como a efetiva resposta para a mobilidade urbana;

Depois dos lamentáveis incidentes ocorridos na partida entre o Vasco e o Atlético Paranaense, em mais uma demonstração da nossa invencível capacidade de alienação, enquanto os chamados “cartolas” dão início, ao que parece, a procedimentos destinados a impedir que o Fluminense seja rebaixado – diante de todas as dificuldades e derrotas brasileiras nas áreas de educação, transporte, saúde, habitação, desenvolvimento sustentável, ações de meio ambiente, etc.;

Depois disso tudo, será que ainda vamos ter coragem – nós, flamenguistas ou não – de pagar R$ 250,00 por um ingresso no Maracanã? E/ou de promovermos um auto-massacre como os que a gente vê pela TV nessas arquibancadas da vida?

Rio, 11/12/2013

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 12/12/2013
Reeditado em 12/12/2013
Código do texto: T4608497
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