Mulheres nervosas

Boa tarde meus caros 23 fiéis leitores e demais 36 de um visitinha vez ou outra, eis-me aqui, no Bat dia e na Bat hora. Hoje é a segunda sexta-feira 13 deste ano, mas resolvi não falar sobre isso hoje. Estou ficando nervoso com isso. Daí preferi falar sobre mulheres nervosas...

Já reparam como algumas pessoas ficam nervosas quando tem de falar em público? Tipo assim: a maioria das pessoas? Tipo assim: geralmente as mulheres?

Pois é, e todas são umas atrizes! Antes é aquele "não consigo", "tô muito nervosa", "acho que vou ter um troço". Umas colegas minhas de pós fizeram bem isso.

A Priscila, das mais novas da turma. Pedagoga. Foi lá, nervosa, apresentou seu artigo. Tudo ok. Daqui há pouco, durante outra apresentação, olho para cima, nas últimas filas do público, e a Priscila, às lágrimas. Achei que algum parente dela tinha morrido e recém tinham avisado ela. Vou lá:

- O que houve guria?

- Tô arrasada. Não consegui apresentar nada como eu queria do meu artigo.

- Não fica assim Priscila. Esse é um parâmetro teu, não de quem estava assistindo e não conhecia ainda o teu artigo. Que notas os professores te deram?

A Priscila havia sido orientada pela Leila, doutora, e avaliada pelo Lucas, mestre, dois dos melhores professores do curso.

- Ai Antônio, tirei 9,5.

- 9,5 Priscila?

- 9.5.

- 9,5, avaliada pelo Lucas e pela Leila e ainda tá chorando. Só batendo em ti né Priscila!

A Janice, também pedagoga. Uma simpatia de pessoa, muito gente boa.

Tem um sorriso que deixa a gente à vontade. Sempre muito nervosa nessas horas, durante o curso. Muito nervosa agora também, mais do que o de costume. Mas, como sempre, chegou na hora e mandou bem.

- Pra quê esse nervosismo antes Janice? Sofrimento inútil!

A Andréia, a única ruiva da turma. Psicóloga. Chamou-me num canto antes de apresentar:

- Antônio, tô uma pilha, detesto apresentar assim, não sei se vou conseguir.

- Fica calma, ora. Tu és a pessoa aqui presente que mais conhece o conteúdo do teu artigo. Vai lá e segue o teu roteiro na boa, vai dar tudo certo.

Lá foi a Andréia. Fiquei preocupado, achando que ela poderia travar durante a apresentação. Tava muito nervosa mesmo...

A final da apresentação, veio a Andréia para mim?

- E daí, como foi?

Olhei bem pra ela:

- Mas que baita atriz tu é Andréia!

A ruiva foi lá e fez uma apresentação muito boa, com muito charme, inclusive.

E a Carmem. A mais nova da turma, na casa dos vinte anos, bonita como Deus existe. Bióloga. Era a primeira a apresentar no último dia.

- Ninguém pergunta nada pra mim! Até já esqueci o que escrevi nesse artigo!

Dou o mesmo discurso para ela, que ela sabia sobre o seu trabalho, que tudo sairia bem. E ela só:

- Ninguém me pergunta nada.

E realmente, ninguém perguntou. Nenhum colega de pós perguntou, só dois professores que chegaram e gostaram do trabalho dela, daí ficaram levantando questões sobre o mesmo, após a apresentação, que foi legal, ela é uma moça esforçada, trabalha na iniciativa privada, consegue ser objetiva quando fala.

E tem também aquelas que vem de algum lugar que não é desse planeta, como a Maria Lúcia. Vende perfumes. Tá na segunda faculdade, Pedagogia. Clara, objetiva, segura, sem perder a leveza e a simpatia emoldurada por expressivos olhos verdes. Uma apresentação referencial, perfeita. Mas é a exceção à regra, e a exceção confirma a regra.

Já os colegas homens, todos seguros, antes e depois.

Mulheres nervosas, mas sempre dando a volta por cima, muito bem.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né.)

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 13/12/2013
Reeditado em 13/12/2013
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