O que acontece?

Lá estavam elas, em linha, afoitas para começar o estrago. Uma delas quis avançar; foi contida: não era a hora. De fato o relógio marcava vinte e três horas, quarenta e oito minutos e doze segundos, treze, quatorze... faltavam pouco mais de dez minutos; dez minutos e quarenta e dois segundos, quarenta e um, quarenta... Uma foi conferir através do vidro; não restava dúvida, deveria ser exatamente às vinte e três horas e cinquenta e nove segundos; nem um segundo a mais, nem a menos. A ansiedade crescia, o tempo passava aos segundos, a tensão aumentava; estavam ansiosas para entrar em ação. Dez minutos, grita uma com o olhar fixo no relógio. Alguém entra na cozinha. Nem adianta fazer nada, o que está marcado está marcado; o horário está precisamente grafado: vinte e três horas e cinquenta e nove minutos, nem um segundo a mais, nem a menos. Todas o seguem com o olhar; ele dirige-se ao relógio; tira-o da parede, mexe no mecanismo e coloca-o de volta. Oh, não! Esta marcando dez horas e cinquenta minutos; cinquenta minutos e quarenta e quatro segundos, para ser mais preciso. - Putz! Horário de verão! - exclamou a bactéria com a cara grudada no vidro de maionese, resignada com a postergação da validade.