Dopado pelo sentimentalismo exagerado e temeroso de estar sendo tomado de assalto pelo ilusório, pouco repouso tenho dado à mente. Escrever é ainda o melhor meio que encontro para sentir-me mais leve e ter condições de pensar livremente, seguindo o eco das palavras na mente.
            Às vezes acho-me em ponto de ebulição e guiado pelo estado do espírito admito ser o melhor momento pra destampar a cabeça e deixar que saia o vapor, quer usando as mãos para escrever ou curar, a boca para cantar e ensinar, os ouvidos para ouvir...
            Os melhores momentos são aqueles em que ao som de um clássico deixamos o corpo bailar embalado em total liberdade: é uma saudação ao espírito. Todos e cada um bailamos seguindo cada qual seu som e sua linha de pensamento.
            Estou aqui melancólico ao lado de um arbusto (tão em moda nas salas) com Wagner e sua música. É como se estivesse entre dois mundos. Wagner exalta as exigências da alma e convida a uma viagem pelo mundo do espírito, incentivando-me a abraçar a luta e a abandonar meus apegos. Do outro lado, a serra, a natureza, o colorido exuberantes dos ipês levando-me de encontro à solitude e ao confronto comigo mesmo. E ainda vacilo. Reconheço que o melhor está aí diante de meus olhos, é o mais belo e o mais simples. Seguindo o pensamento, no entanto, vamos onde queremos ir, como queremos e com quem queremos. Talvez seja por isso que o mundo se encontra “neutro” em termos de vida. Falta-me ação, falta-nos empunhar a espada que divide, a libertadora!