ROSEANA MARIA ANTONIETA MIRANDA

Existe uma ordem natural das coisas, que quando é invertida pode causar problemas para muita gente. Em um estado politicamente organizado, compete às autoridades dos três poderes, pelo menos, duas atribuições: a) conspirar para que as leis e as políticas públicas instituídas beneficiem a maior parte da população; e b) não permitir que os frutos de um estado acéfalo penalizem os inocentes.

Ao definir prioridades e orçamentos há quem privilegie “circo” (diversão) e “pão” (migalhas em sua maioria) para o povo, porque esse é composto por muita gente que não sabe pensar e, exatamente por isso, manterá no poder aqueles que implementarem tais políticas. Cientes disso, muitos políticos deixam de propor e de gerir políticas públicas sérias, capazes de diminuir e extinguir diversas consequências da falta de educação, dentre elas a violência.

Temos assistido com estupefação aos noticiários, que nos relatam um exemplo típico de banana comendo macaco: a afronta aos poderes constituídos, por ordem de marginais de facções rivais, que dominam a penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão. O “poder”paralelo é assustador pois , apesar da presença da Força Nacional naquela instituição, chega ao ponto de ordenar que seus asseclas soltos em São Luiz, incinerem ônibus e não poupem a saúde ou as vidas de inocentes.

Enquanto isso, a governadora desse Estado, Roseana Sarney, filha do “imorrível” político que já presidiu nossa Nação, cometeu a sonseira de permitir a licitação de alimentos que abasteceriam as geladeiras das residências oficiais do governo: o Palácio dos Leões e a casa de praia usada pela governadora.

Os Sarneys, inegavelmente, têm bom gosto e eu mentiria se dissesse que recusaria convite deles para saborear qualquer um dos alimentos constantes na relação a seguir: 80 quilos de lagosta fresca, ao custo de R$ 6.373,60; duas toneladas e meia de camarões frescos grande com cabeça, médio com cabeça para torta, seco torrado graúdo sem cabeça e casca (mais de R$ 100 mil); R$ 40 mil de filé de pescada amarela fresca; R$ 39,5 mil em patinha de caranguejo fresca; 180 kg de salmão (fresco e defumado), a R$ 9.700; 850 kg de filé mignon limpo, a R$ 29 mil; R$ 22 mil em galinhas abatidas frescas; 120 kg de bacalhau do Porto; e mais de cinco toneladas de carne bovina e suína. Para adoçar e molhar o bico, o pessoal previu a compra de 50 caixas de bombons, 950 kg de sorvete (oito sabores), ao preço de R$ 55 mil; 30 pacotes de biscoito champanhe; e 2.500 garrafas de 1 litro de guaraná Jesus (refrigerante famoso no Maranhão).

Não sou sonsa a ponto de achar que ela esteja inaugurando alguma prática, ou que nos outros Estados os governadores sirvam arroz, feijão, bife e batatas fritas aos seus convidados. Sabemos que os palácios e as residências oficiais servem coquetéis, almoços e/ou jantares aos visitantes ilustres, pois é assim que funciona na maioria dos países. Acho que se estivesse tudo bem com o Maranhão, ninguém se incomodaria com as lagostas e os camarões de Roseana, até porque ela deve ter nascido e crescido comendo tudo isso, já que sua família é dona de meio Maranhão.

O problema é que, de certa forma, essa lista de cotação funciona como uma explicação para não “sobrar” dinheiro para investir em novos presídios ou na educação, como medida capaz de impedir o crescimento exponencial no número de “hóspedes” nas penitenciárias. O inusitado nesta história é constatar que, apesar da sua longa experiência política, a Roseana Maria Antonieta Miranda parece que não goza do respeito do seu povo ou não tem coragem de tomar atitudes que ensinem aos facínoras que “macaco é que come banana e não esta que come aquele.”

Quanto aos novos nomes que lhe atribuí, vêm da recordação de duas “semnoçãozices”, uma acontecida no século XVIII e outra recente: a) a rainha da França, que perguntara por que os franceses famintos não comiam brioches, quando foi comunicada de que eles não tinham pão para se alimentar; b) o prefeito de Vila Velha, que viajou em férias para New York, quando muitos de seus munícipes viviam o desespero das perdas ocasionadas pelas enchentes de dezembro de 2013.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 09/01/2014
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