Um grito abafado!

O dia combina com o que sinto...

Inumano sou nos níveis em que me desenho na superficie de um quadro negro, lago nego, profundo espelho do nada.

Penso nas coisas escritas que me engolem e me enganam, na química do silêncio que tendes e nao sei.

Os mitos me escapam.

As pessoas distorcem as coisas.

Sinto a solidão cada vez mais perto, seu hálito toca minha nuca e sinto um tesão de morte. Calafrios da ausência amada.

Olho o vidro, toco um a ponta do dedo na ponta de outro dedo que não toca nada. Respiro o perfume da cores desbotadas que paira no ar de um tempo sem tempo e digo o que sei porque sei que as coisas ditas serão apenas isto, coisas passíveis de ecoar no silêncio do nada nas horas esparsas em que anoitece e o tedio engole a ultima estrela.

Seria lírico se tivesse esperança de salvação...

A tosse que se abate sobre o cara ao meu lado me desencanta apenas...

e eu vejo o que posso distorcer sem querer mas faço o que faço porque não penso em soluções ou maneiras disso acontecer em outro planisfério...

plano-esférico...

círculo das cadeias consequenciais de nossa mente.

Cansado e preso no caos das estruturas eu sonhei com o vazio pleno em que me dispersava do nada...

conversas ecoavam durante o processo em minha cabe;a..

latencia de idéias mal-ditas...

o vulto que corre pelas minhas veias pesa nas minhas escolhas...

tenho experimentado a morte aos poucos...

sento e durmo

sento e durmo

sento e durmo

e no entanto os carros me atropelam em sombras!

Sobra-me apenas alguns caracteres e rugas, que leio em braile como sulcos na pele...

e o telefone nãoo toca...

Vou a biblioteca, vejo corpos escrevendo, vasos e suportes apenas de uma existência que insiste.

Antes o vazio era outro.

Não há alma.

Era o vazio do mundo, do neutro, dos significados...

Eu invoco em querer uma alma, mas não sei, como sempre o que Dédalo deixou neste labirinto de vida que enrolo como fios nas mãos.

Atira logo este calice de vinho na parede!

Atira logo seu coração que arrancaste do peito

Atira logo, em mim!

[eu percebi, sim percebi, o coldre vazio]

As armas se calam...

O coração, arma-se e se cala como arma que não foi limpa há muito tempo e como o demônio de uma noite faz versos que não entende

e grita na fúria de um texto solto profecias para o amanhã: "a ponte de Londres vai cair... vai cair... vai cair..."

Os olhos não refletem mais ao espelho, apenas as mãos.

Mãos que pálidas se tornaram manchas escuras que deposito na gaveta para nunca mais.

Ev
Enviado por Ev em 26/04/2007
Código do texto: T464843