ADEUS ANO VELHO

Vai entrando o novo ano, indo embora o velho, família reunida, ou amigos reunidos, ou sozinho mesmo. Toca a musiquinha adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer. Um misto de alegria com expectativa pelos próximos 365 dias de trabalho, amor e problemas a serem resolvidos acompanha o jingle. Não dá pra dizer que um isto de nostalgia não ocorra. É uma época propícia à reflexão, a uma retrospectiva interna. Muita gente chora ao lembrar os fatos, outras riem. Alguns agradecem os momentos passados, muitos ficam aliviados pelo final do ciclo, pelo final do ano.

Realmente, foi uma ideia sensacional dividir o tempo em anos, os anos em meses, estes em dias, os dias em horas, elas em minutos e os minutos em segundos. Logo após a meia-noite nada se transforma, os planetas não se alinham, as águas do oceano não sobem, o vento não aumenta, os peixes não passam a voar. Apenas a nossa percepção das coisas muda. É como se colocássemos uma pedra nos dias que passaram sob a alcunha de 2009 e renovássemos as vontades, os planos. Repetimos o que fizemos em 2009. Com algumas diferenças, é claro, mas o ciclo se renova, prossegue.

Ao mesmo tempo que muita gente faz festa à beira-mar, cantando, bebendo, dançando, assistindo a shows, alguns preferem programas mais calmos, mais caseiros, mais centrados. À frente de casa tenho um exemplo. Uma igreja está aberta e fiéis rezam já há algumas horas. Creio que continuarão até a virada. Não poderei expor essa informação, se sim ou se não, porque até lá o texto estará findo. Outras pessoas trabalham na virada. Estão uniformizadas ou mesmo vestidas informalmente. De um jeito ou de outro, o certo é que estão com os olhos, a boca, o corpo e parte do pensamento no ofício. O outro hemistíquio da mente está em casa, na esposa, nos filhos, nos amigos, na festa que está perdendo. Em 2005 para 2006 eu estava assim. Não é uma experiência das mais agradáveis. E por fim, temos aquela classe de pessoas que passa a mudança de ano sozinhas, com a televisão ligada, assistindo ao Show da Virada na Globo, algum outro programa ou mesmo um filme. Não considero a maneira mais interessante de trocar de ano, mas cada um comemora (ou não) da sua maneira. Ruim mesmo é estar num hospital comemorando. Estar doente não é nada agradável. No último dia do ano passado meu avô passou mal e fez a festa da virada com meus pais e minha irmã juntos, no hospital. De certa maneira foi bom, pois o problema que teve foi muito sério e poderiam ter ocorrido complicações maiores. Hoje está melhor, graças a Deus.

Mas não é para todos que o ano termina bem ou que inicia de pé direito. Com o aumento de bebuns nesse clima de festa aumentam os acidentes de trânsito, crescem as mortes, derrama-se sangue num trânsito caótico e perigoso em que vivemos. Por isso que ao sair de casa é necessária muita atenção. Além da conta.

Escrevo o último texto de 2009, a última crônica do ano. Pretendia falar sobre o sorteio da Mega-Sena, ocorrido hoje às 20h. Não tem o resultado ainda, mas já deve haver um novo milionário no Brasil. E não sou eu. Joguei hoje, seis minutos antes de encerrar o prazo das apostas. Dois jogos. Dois acertos. Isso porque nas duas fés tinha o número 10. Se não tiver ganhador dos seis números, a bolada irá para os acertadores da Quina.

E por que não falei simplesmente dos planos que tinha para os 144,9 milhões de reais acumulados que ganharia caso ganhasse a Mega? Fiz até enquete com alguns amigos meus para ter mais argumentos ao escrever.

Talvez porque senti que o dinheiro compra muita coisa. Mas não o essencial. De alguns, até a dignidade, inclusive a honestidade. Compra carros, casas, viagens, falsos amigos: o supérfluo. Mas não a felicidade. A dita felicidade que todos querem e que é uma das maiores buscas do ser humano. E mesmo não ganhando na Mega não me sinto um milímetro mais infeliz, nada menos feliz. Se viesse seria bem vindo. Não ganhando, nada muda, a vida continua normal, boa como sempre.

Que venha o novo ano. Hasta la vista 2009. Felicidades a todos. A um ano de concretizações. De saúde e paz. Porque o resto a gente corre atrás.