KISS: É IMPOSSÍVEL ESQUECER

Como as cenas de um filme que a gente assiste pela segunda vez, assim é a sensação que nos acomete neste 27 de janeiro de 2014. A um ano atrás a notícia caiu como uma bomba, destruindo a alegria, abrindo uma chaga permanente no coração de toda uma comunidade. A radioatividade se espalhou e atingiu o Rio Grande, o Brasil e o mundo. Estarrecidos assistíamos a tragédia na boate Kiss. A impotência do nada mais poder fazer se abateu sobre a cidade, sempre tão colorida e alegre pela presença constante de seus jovens. E como num filme, parece que a fita ficou estagnada e Santa Maria parou. O Estado parou. O País parou. Parou para chorar e enterrar os 242 jovens fatalmente atingidos pelo incêndio, parou para chorar e rezar os outros tantos jovens que não morreram, mas que, até hoje, apresentam graves sequelas no corpo e no espírito.
Um ano se passou, a dor e a saudade são perenes nas famílias onde o vazio do ser amado nada preenche e a justiça ainda não foi feita. Culpados saíram ilesos e o empurra-empurra das responsabilidades emperra o indiciamento que, em alguns casos, deixou de fora as autoridades responsáveis. Sim, autoridades, porque responsável é o órgão ou poder constituído que fechou os olhos para o alvará vencido, que permitiu o funcionamento de algo que colocava em risco a vida das pessoas, seja pela inexistência de saídas de emergência, seja pela insuficiência de extintores.
O dia de hoje, quando familiares e amigos das vítimas fazem manifestações, é um dia de repensar valores. Porque a inversão deles é que leva pessoas à ganância pelo dinheiro e pelo poder, em detrimento de vidas. Vidas que se foram, que não retornarão jamais e que partindo, brusca e dolorosamente, deixaram um punhal cravado na alma dos que esperavam sua volta para casa.
No centro da cidade, em permanente vigília, existe uma tenda com as fotos dos 242 jovens que saíram para festejar e não retornaram. São os familiares que pedem justiça, somos todos nós que pedimos justiça, é uma cidade inteira que pede justiça. É a esperança que, ainda e apesar de tudo, sobrevive...

                                                        Giustina
Giustina
Enviado por Giustina em 27/01/2014
Reeditado em 27/01/2014
Código do texto: T4666954
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