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Amor à Vida!

 

Se toda regra tem exceção, nem toda obra literária necessariamente, deve ter o título condizente com seu enredo. Para envolver o imaginário popular, criatividade e imaginação não faltam, para capitalizar Ibope vale tudo, importa que apreenda emoção e razão. Relegado a segundo plano o enfoque social, ou seja, questionar (pre)conceitos, tradições ou valores ético-sociais, logicamente, num segundo plano...

Oxalá a teledramaturgia ao rebuscar cenas do dia a dia, fosse capaz de impactar a interpretação e levar o público para além do delírio, à reflexão e à capacidade de (re)elaborar seus próprios dramas a partir da arte. Eis aí o grande valor da arte no processo de humanização.

Dito isto, justifico meu refletir sobre a novela da Globo, penso um destes equívocos entre trama e título, uma metáfora às avessas, talvez...
Sobre "Amor à vida" entendo tudo de mais encantador que possa alimentar a alma humana, na trama no entanto, é sinônimo de crimes revestidos de crueldade, de enriquecimento ilícito, de todo tipo de maracutaias e falcatruas para ostentação, de pérfidas armações para traição e de ausência de cumplicidade afetiva entre familiares, entre outros desvalores. 

Indubitavelmente existem aspectos positivos a salientar, ainda que a princípio como pano de fundo, o homossexualismo passou do antagonismo para o protagonismo, graças à performance dos artistas Mateus Solano e Thiago Fragoso, que acabaram roubando a cena. Na mesma linha, o extraordinário desempenho de Bruna Linzmeyer, acabou despertando a sensibilidade do público para a reflexão sobre Autismo.

E, o amor na pósmaturidade? Quem não se pegou pensando sobre essa fase da vida? Longevidade é fato real em nossa sociedade e, o autor Walcyr Carrasco e os excelentes, Nathália Timberg e Ary Fontoura, foram muito felizes ao enfatizar esse processo superando os conflitos entre gerações. A valorização do acúmulo evidenciou que envelhecimento não é sinônimo de senilidade, que os desejos de vida e a lucidez permanecem. Fica sobretudo, a lição da importância de qualificar as relações com respeito às necessidades biopsicosociais de todo e qualquer ser humano, independente se criança, jovem, adulto ou idoso.

Porém... os poréns são vários, mas a adoção de crianças e a capacidade de recuperação de caráter são aspectos que depõem positivamente à crítica da novela, contrapondo-se à banalização do amor devido à superficialidade ou frivolidade das relações...

Portanto, fica o alerta não seja a Rede Glogo (embora deseje) a ditar atitudes, costumes e cultura, tenhamos racionalidade e autocrítica diante dos padrões que tenta nos impingir, ademais... aguardemos o que nos dirá a próxima novela das 8 h, que acontece às 9 h. 
Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 27/01/2014
Reeditado em 29/01/2014
Código do texto: T4667012
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