Amigo Oculto

     Sempre gostei de brincar de amigo-secreto, ou seja lá qual for o nome que se dê a esta deliciosa brincadeira. Na minha opinião esta é uma das melhores coisas da época de fim de ano.  Gosto do período pós sorteio; é muito bom  ficar imaginando quem me tirou, o que vou comprar para meu amigo, como faço para descobrir seus gostos, etc. Detesto saber quem me tirou antes do momento da entrega.
 
     Creio que é um grande equívoco participar do amigo-secreto pensando no presente. Quem quer muito um determinado livro, uma blusa ou qualquer outra coisa, para evitar decepções, é melhor comprar. Esperar muito do presente é o tipo de expectativa complicada de criar porque, infelizmente, tem gente que guarda aquele presente que ganhou no amigo-secreto do ano passado esperando essa data pra se desfazer do “dito cujo”. Crueldade ou não, acontece. A verdade é que estes momentos rendem histórias até a próxima revelação.
 
     Tem que opte por dar um vale-presente. A vida corrida permite; particularmente, acho que é frio demais, além de muito impessoal. Dá impressão de descaso. Indiferença.  Já que resolveu por que não transformar a brincadeira em um momento agradável e descontraído; uma oportunidade para estreitar os laços de amizade ou fazer um novo amigo?
 
     Quem sabe aquele que você tirou não é, também, quem lhe tirou em segredo? Acredite. O acaso existe e pode revelar aquilo que já existe e ainda não teve tempo e/ou espaço suficientes para ser manifestado aproximando pessoas que declaradamente não se combinam ou não sentem a menor empatia um pelo outro?! Seja como for, a brincadeira do amigo secreto é o momento ideal para manifestar tudo o que a pessoa sente acerca do outro aleatoriamente escolhido. Quanto maior a surpresa melhor.
 
     Com humildade e simplicidade é possível transformar a troca de presentes em uma ocasião única, rica em carinho, afeto e possibilidade de crescimento e fortalecimento das relações, sejam de trabalho ou pessoais. O amigo secreto não pode, ou não deve, ser considerado o momento para ganhar “aquele” tão esperado presente, afinal este não é o objetivo maior do momento. Neste sentido é sempre bom estabelecer preços simbólicos para os presentes. Vale a pena lembrar que o presente não obedece escala hierárquica. Todos estão no mesmo patamar.

     Somos todos membros de um mesmo grupo, e tudo, como o nome propõe, deve ser secreto, discreto, oculto. Cada um tem apenas um nome embrulhado num pedacinho de papel. Quem será?
 
     Ao sair do anonimato seja grato aquele lhe tirou. Erga sua voz e seu olhar e deixe que o vento, nascido lá no monte, sopre sobre em seu peito a ventania do afeto, do bem querer. Olhe para seu amigo e retribua, honestamente, o abraço, o sorriso.  Anuncie com alegria e respeito o seu amigo e deixe que todos percebam o quanto você valoriza aquele momento. Aquela pessoa.

     Tenho certeza que agindo assim a brincadeira sempre valerá a pena e, no final, não haverá motivos para chateações. O presente? Desculpa, ia esquecendo, afinal ele não é o mais importante. 
 
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Amigo Oculto
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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 27/01/2014
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