RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA ou Uma volta aos bons tempos.

A crônica que a seguir vou escrever é para mostrar um pouco da cultura do nordeste e também para estimular o leitor para que dê uma volta ao passado e relembre alguns momentos gostosos que viveram na infância ou recente. Vamos colocar por um momento os problemas da vida em baixo do tapete. Amanhã ou daqui a pouco, a gente tira o tapete e recomeça tudo de novo.

Vamos comigo dar um passeio no passado. Eu sou seu companheiro(a).....

Às vezes quando acordo de madrugada e perco o sono, fico a devanear, procurado algo nas recordações para preencher o tempo.

Uma noite destas, lembrei-me dos meus tempos de criança. Não muito pequeno, já um pouco mais velho(porque pequeno, baixinho, sou até hoje), quando nós, eu e os colegas saíamos pelos arredores da nossa cidade, para brincar com algo e não poucas das vezes para fazer traquinagens: entrar nas roças dos outros para chupar melancia, manga, umbu, caçar passarinho, etc... Nestas nossas viagens, tinha uma que era o coqueluche de todos: tomar banho no poço; um lugarzinho afastado talvez uns dois km da cidade, por sinal muito bonito, um paredão de pedra e em baixo ficava empoçado água salgada, talvez causado pelo terreno, porque um pouco mais acima fica o açude da cidade, de água doce. E é de lá que vem o abastecimento do poço. E este era o grande problema: a água é salgada. Se você não sabe, após o banho com água salgada, se não enxaguar com água doce o corpo fica esbranquiçado é só passar a unha um pouco que a gente nota a diferença. Fica a marca do sal. E o mais grave disso, era proibido banhar neste local. Não pelas autoridades, mas pelos pais. E naquele tempo, desobediência era surra na certa. Mas a tentação era enorme. Duvido que tem alguém do sexo masculino(mulheres não iam lá nem a pau), do meu tempo, que não tenha levado uma sova pro causa deste lugar.

Alguém mais inteligente deve saber. Mas o que é proibido parece ser melhor. Se não quer que sua filha case com alguém não diga prá ela. É só proibir e o cão atenta e o namoro e o casamento tá feito. E para crianças é a mesma coisa. Sabia que ia apanha, mas ia. No pensamento ingênuo delas, tinha a possibilidade de os pais não saberem. Mas esta possibilidade, pelo que sei é remota.

Outra brincadeira infantil era de vaqueiro. Como nossos pais não tinham dinheiro para comprar brinquedo, nós improvisávamos: do mocotó, do joelho, dós pés dos animais, a gente tirava o touro, a vaca, o bezerro, a bezerra e até o cavalo, fazíamos uma cerca de pauzinhos e dava asas à imaginação. Alguns como vaqueiro e outros como o dono da boiada...

O carretel de linha de costurar virava pneus de carro e de uma tábua faziamos o automóvel. Aqueles mais malandros rodavam com tanta velocidade que o carretel praticamente queimava com o atrito e quebrava. Neste momento era uma festa. Todos festejavam o acontecido. Á noite brincávamos de roda: um pegando na mão do outro, rodava e se cantava algumas canções típicas. Era nestes momentos que começava as paqueras infantis. Os meninos disputavam a vaga para pegar na mão da meina mais bonita. E alí ficávamos até que a prosa dos mais velhos, sentados na porta acabava e eles chamavam-nos para dormir. Quem ficou ao lado da bela, ia todo satisfeito e o outros já iam pensar na estratégia do dia seguinte. Esta minha lembrança é apenas para estimular algo em quem está lendo.

Quando a gente perde o sono é danado prá ficar só pensando em coisa ruim: prestação atrasada, aquele colega de trabalho, chato, o salário acabou no meio do mês, o presente no dia das crianças, da mãe, do pai, entre muitas outras coisas, acho que cada um tem os seus.

Tente desviar o pensamento destes problemas para algo melhor. Devaneie à vontade. Crie algo gostoso para a sua mente. Uma coisa que gosto muito, além, daquela, já mencionada, é criar uma história em que eu sou herói. Isto mesmo, Herói! Pode ser qualquer um já conhecido. E se tem a mente fértil, crie um personagem só seu. Faça peripécias, salve o mundo. Imagine! Faça só para passar o tempo e esquecer por um momento das agruras do dia a dia.

reinaldo.s.barreto@hotmail.com,

Escreva algo e me avise que estarei lhe prestigiando, com a minha leitura.