Hoje

Atravessei uma avenida como quem anda na calçada da quinta Avenida ou como quem sai do seu quarto com fome para pegar uma bolacha na cozinha.

Sem ver nem olhar para os lados, um carro passou. Meu Deus, como atravesso uma Avenida desse jeito?

Escrevi hipóteses como quem fala com amigos em um bar. Sendo estas hipóteses o futuro de empresas e servirão de referencial teórico para futuras estratégias lucrativas mundiais. Bolsa de valores, teorias macroeconômicas que brigam com a vida real, teorias que não se encontram nos livros, mas estão presentes na vida das pessoas.

No olhar de cada cidadão que pega um ônibus e vai para o trabalho sem saber da essência da vida. Vejo as pessoas caminhando como lunáticos usuários de ácido que caminham aleatoriamente, correm para alcançar um sonho em comum. Tornar-se comum é tornar-se um louco e assinar seu próprio atestado de óbito.

É rezar para que seu celular toque, e falar com uma pessoa que só quer sentir você por perto da forma mais simples enquanto você está muito ocupado trabalhando no andar mais alto de um prédio em um escritório com ar condicionado congelante, que só não é mais frio do que a sua própria alma. É ter um milhão de amigos em uma rede virtual e querer cometer suicídio por não ter ganhado todos os brinquedos que você pediu para os seus pais na infância (crianças mimadas que esqueceram de crescer). É sair a noite para procurar alguém que te complete e sair de lá com cinco telefones diferentes em uma agenda acordar no dia seguinte olhando para si mesmo em um espelho no teto e ver além de você uma pessoa que você viu há doze horas atrás (é, você não tinha visto essa cicatriz enorme no queixo desta pessoa, a luz do dia lhe mostrou).

A luz do dia nos mostra muito, coisas que preferimos deixar para ficar em casa, desistir do dia e assistir filmes simuladores de uma realidade virtual para quando começar a rotina, possuirmos algo para contar, pois muitas vezes não podemos falar sobre o que realmente aconteceu ou sobre o que não aconteceu ontem.