Sou como chuva de verão, tardo, mas não falto. Desapareço até de mim, dou um tempo em quase tudo sem nem ao menos saber o por quê. Quem sabe faz-se necessário para reabastecer a bateria, recarregar a alma. Encurto meus gestos e passo a viver em câmara lenta. Mas a volta acontece. Reencontro as letras como quem reencontra um amor ausente, como quem reencontra a vida. Indago-me então a razão dessas lacunas, a razão da ausência e fico sem resposta.
       Aqui estou de volta pelas maõs de Françoise Hardy e suas músicas dos anos sessenta. Um ar de romantismo tardio me envolve, uma lágrima boia quase a rolar no meu rosto, uma saudade indefinida e corro para desabafar aqui. Volto para o meu canto de onde nunca deveria sair. Talvez esteja acontecendo um surto, ou talvez seja pra valer minha volta.
     Quen sabe?