Cinzas
Numa sala vazia, uma porta, fumaça, eu. Fumaça. Cigarro, tragada. Fumaça. Presa, dentro da sala, dentro do trago, dentro no maço. Caneta, cinzas e papel. Cinza, realmente cinza. A sala, eu e a fumaça. a porta sem a chave, eu ri, sarcasticamente, revirei os olhos e puxei a fumaça toda pra dentro. O cinza não vinha só do meu aceso, havia fogo, e eu estava sentada na cadeira, logo ela estaria pegando fogo. Está. Ri novamente, puxei mais um. Caí, e encostei. Meu sapato pegava fogo, e meu cigarro apagou. Acendi com meus proprios dedos, não sentia absolutamente nada ali. A cor no cinza eram meus roxos e o laranja das chamas, uma combinaçao quase interessante quando quebrada com o inflamado da minha garganta. Eu ri, a fumaça havia me invadido. Ri, ri desesperadamente após sentir o primeiro fio de incômodo. Já deitada, os cabelos já encurtados pela causa da fumaça, puxei meu proprio ar, fechei os olhos com um sorriso aberto, nada mais era cinza, nem roxo e nem inflamado, apenas laranja, tudo laranja, uma sala vazia, laranja e uma porta.