Julguei o Caranguejo

O caranguejo fitava a mochila entreaberta da garota. Algo o atraía. Ela sentara-se de costas pra ele numa toalha fina. Da cor da areia da praia.

Aquela forte atração fazia-o aproximar-se. Mas ao menor movimento dela, mexendo nos sedosos cabelos ou virando-se por qualquer motivo, ele se afastava meio temeroso. No entanto, a atração pela mochila da garota não permitiria que ele se fosse em definitivo.

Até que ela se levantou. Ele correu imediatamente para trás. Com a habitual destreza de quem corre do mesmo modo para frente. Dessa vez aterrorizado. Mas ainda pode ver aquelas pernas longas e bonitas, sem qualquer indício de varizes ou celulite. E a bunda maravilhosa, fazendo-se exuberante naquele biquíni sumário.

O brilho do sol na tampa do batom, o que de fato o atraía, era agora maior. Perto do meio-dia. O caranguejo tudo sabia. Sabia, por exemplo, pela bunda dela, como o rosto seria. E que o batom havia sido feito pra ela. Não pra ele, que se iniciava na sua trajetória definitiva de caranguejo gay.

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 02/03/2014
Código do texto: T4712133
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.