Paz no futebol.

Desejo que a paz retorne aos ambientes futebolísticos. Creio que esse desejo não seja só meu e sim de toda a população mundial, a exceção seriam os adeptos das brigas. Recordo que no final dos anos setenta e início dos anos oitenta do século passado, as torcidas de Atlético e Coritiba seguiam pelas mesmas ruas até os Estádios Couto Pereira ou Antiga Baixada para assistir os Atletibas. Cada torcida caminhava por um lado da rua e não havia brigas. Havia brincadeiras e uma torcida gozava a outra, porém, não havia brigas. Outro fato que recordo é que quando o time da gente ganhava a gente ia para as ruas para gozar o torcedor do time rival.

Hoje isto não é possível e basta alguns torcedores estarem com a camisa de um time para serem agredidos por torcedores da agremiação rival que porventura estejam em maior número de pessoas. Há torcedores que sequer frequentam estádios de futebol, porém, agendam pela internet um local para brigarem com torcedores do time rival. Estas e outras atitudes tornaram o espetáculo futebolístico muito violento e tem afastado os torcedores que apenas querem assistir um jogo de futebol. Tal violência também tem retirado a magia do futebol porque notícias de violência ganham destaque nos noticiários de televisões e jornais, e as notícias do jogo em si tornam-se secundárias.

Não sei quando a violência tomou conta do futebol, mas creio que o primeiro fato grave e violento e que teve repercussão mundial foi no jogo disputado entre os times Liverpool da Inglaterra e a Juventus da Itália, em partida disputada no Estádio de Heysel, na Bélgica. Do confronto entre torcedores Ingleses e italianos resultaram 39 pessoas mortas. Os torcedores ingleses eram nomeados hooligans. Em outro jogo do Liverpool uma massa de torcedores forçaram as barras de ferro dos portões centrais do Estádio, tal atitude resultou na morte de noventa e duas pessoas que morreram esmagadas. Um absurdo.

No Brasil são inúmeros os casos de violência no futebol que resultam em mortes de pessoas. Não são casos isolados e os atos violentos são atitudes de torcedores de todos os grandes clubes brasileiros. Não é rara a notícia da morte de um ou mais torcedores envolvidos em brigas de torcidas. Estes fatos tem que acabar e não é possível que um simples jogo de futebol que tem o objetivo de entreter as pessoas se torne ocasião de assassinatos.

Recordo que nos fins dos anos oitenta assisti a um Atletiba no extinto Estádio Pinheirão, e neste jogo o Atlético venceu por dois a um, de virada. A torcida atleticana ficou imensamente feliz. Os Organizadores da partida seguraram os torcedores do Atlético no Estádio, e só os liberaram quinze minutos após o jogo para evitar confrontos. Eu e um amigo resolvemos ir até o centro da cidade para comemorar o triunfo. Ledo engano. Os torcedores do Coritiba, não todos, ao invés de irem embora se esconderam em alguns locais da Avenida Victor Ferreira do Amaral que leva a parte central da cidade.

Eu e o amigo e mais alguns torcedores embarcamos em um ônibus, que não era de torcida organizada e sim um ônibus comum, com destino a região central de Curitiba. O ônibus havia trafegado uma meia dúzia de quadras quando avistamos o veículo ser cercado por torcedores rivais e ser apedrejado. Os locais que eram mais apedrejados eram as portas do veículo e as janelas para evitar que as pessoas descessem do ônibus. Caro leitor, as pessoas no interior do ônibus, nem todas torcedores porque lembro o leitor que era um veículo do sistema público de transporte, tiveram que se amontoar debaixo dos bancos para não serem atingidos pelas pedras. O apedrejamento só acabou quando a polícia apareceu. Ainda perseverei e assisti mais alguns Atletibas nos Estádios. Mas em meados dos anos 90 desisti, joguei a toalha e nunca mais fui a um Estádio assistir um Atletiba.

Mas o futebol também apresenta algumas evoluções positivas. Uma delas é a participação das mulheres nas diversas atividades que envolvem um espetáculo futebolístico. Por exemplo, antigamente quando uma mulher ia a um jogo de futebol, mesmo acompanhada do namorado ou esposo era xingada pelos mais horríveis palavrões. O leitor pode imaginar quais seriam estes palavrões, e por respeito ao leitor e ao espaço literário nego-me a nomear os palavrões com os quais as mulheres eram adjetivadas. Hoje as mulheres vão sozinhas a estádios de futebol e há muitas inclusive que sustentam suas famílias através do futebol, seja trabalhando na crônica esportiva ou como bandeirinhas e em muitas áreas profissionais que são dinamizadas pelo futebol. Este é um lado bom porque o futebol deixou de ser o Clube do Bolinha.

Para finalizar faz-se necessário repetir que é preciso urgentemente acabar com a violência no futebol. Tal violência tem afastados dos estádios os torcedores pacíficos e, igualmente, tem retirado a magia deste belíssimo esporte coletivo.

paulo de jesus
Enviado por paulo de jesus em 16/03/2014
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