A Revelação
De repente, sem avisar, a velhice chega como uma coisa normal do ser humano, porém, as pessoas fazem de conta que não a percebem, apesar da inexorável decadência física presente.
Ou, caso percebam, não querem acreditar, como que esperando a eternidade física.
Eis que a natureza, fiel e certeira, de algum modo se encarrega de dizer ao homem em alto e bom som: V. está envelhecendo!
Porém, não se exaspere e não se preocupe tanto! Isto é muito natural para o ser humano. Olhe para seus iguais: estão na mesma canoa! V. e eles são parceiros nessa empreitada.
Olhe para o horizonte terreno e sinta sua vida fluindo, perceba as sutilezas do seu momento; esqueça o passado juvenil – guarde somente as boas lembranças - e viva intensamente o seu hoje!
Aqueles velhos sonhos altaneiros e mundanos... Os projetos de conquistas econômicas, sociais e amorosas... O orgulho, a vaidade... tudo isso é efêmero... Já foi... é passado...
Reflita o seu hoje, resultado de tudo o que foi, viva o seu hoje como se fosse o último cálice do mais doce néctar desta maravilhosa viagem.
Perceba as coisas mais simples na natureza: uma árvore, uma flor, a grama crescendo, os pássaros alegres, os raios de sol, o seu pequeno e amável cãozinho...
Já percebeu tudo isto?
Então já pode se considerar feliz, muito feliz, pois a sabedoria abriu as portas para V. amar a si mesmo, ao próximo e, sobretudo, sua atual vida, por sinal única em todo o cosmos, como uma forma de construção do seu ser.
*Texto reflexivo sobre a crônica de Rubem Alves: A Revelação.O Retorno E Terno. 25. ed. São Paulo: Papirus, 2005, p.105-108.
Autor: Alvino Bonati Chiaramonti, 7º período do Curso de Teologia Espírita da Faculdade Dr. Leocádio José Correia – Falec, 28/09/2006.