Pingo nos “is”
 
Amanheci com vontade de por o pingo no “i” da internet. Na verdade, não um pingo, mas um ponto moderador ou final por puro deboche. O bom é que a internet se presta para isso, pois ali nos abrigamos em entretenimento e também chutamos o pau-da-barraca, à semelhança dos bichos que depois de comer viram o tacho. Pessoas que mais postam besteira são as que mais reclamam de quem posta besteira. Outros, em eterno monólogo, reclamam pelo tempo perdido (ou encontrado) na rede mundial de computadores. Há quem esteja quase frequentando o CLIC - Centro para Loucos Internautas Curtidores. Curta essa: o centro é virtual e funciona 24 horas por dia mediante único “clic”. Desgosta-me profundamente os convites impositivos para compartilhamento
no Facebook. À semelhança das antigas correntes do anjo do dinheiro ou do sexo, cuja consequência para quem não infestasse a caixa postal de “i” pessoas da sua lista de endereços era morrer duro (ou mole), agora o sujeito não utiliza mais “estou apenas repassando”, mas seu apelo deixa o amigo numa sinuca-de-bico. “Se você ama carrapato, compartilhe esta coceira”. E quem é que não ama carrapato!? Alguém me dirá que por um ponto final na internet me fará perder todos os amigos de vez. Pelo contrário, só assim deixarei de ver os “is” de idiotice e manterei os amigos no coração, enquanto faço uma boa caminhada ou me misturo à excêntrica lista dos adoráveis leitores-que-não-querem-ser-escritores.
 

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Pingos nos Is
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