DOCE LEMBRANÇA
(Crônica)
 
 
Ali no outeiro, no início da primavera as flores e o verde ditavam o tom do ambiente e da natureza.
O bangalô modesto, mas bem cuidado mostrava na varanda a exuberância dos Manacás e Primaveras.
No imenso jardim que circundava aquela morada, os Lírios, Crisântemos, Azáleas, cravos e as Rosas se encarregavam de perfumar o ar deixando-o bem sadio.
No interior bem confortável eu e a minha amada vivíamos um romance de amor inesquecível desses que só se vê nos livros e nos contos de fada.
Era tudo real. Vez ou outro nós nos beliscávamos para certificarmos de que estávamos acordados.
Durante alguns anos aquele bangalô na colina foi o recanto de amor e muita paz. Um palco de felicidade ímpar.
Certo dia, por força das circunstâncias tivemos que nos despedir daquele paraíso para voltar à Capital cumprir compromissos profissionais.
Os dias se passaram ligeiros. Meses e anos transcorreram sem que pudéssemos para lá retornar.
E os desgastes mentais e psicológicos se avolumaram tanto; as dificuldades financeiras nos acertaram em cheio e uma série de outros contratempos nos afastou definitivamente não só do nosso bangalô e daquela vida de intenso amor, mas também de nós mesmos.
Hoje em dia, morando de baixo do mesmo teto, como marido e mulher, mal temos tempo de tomar um café juntos no mesmo horário e na mesma mesa.
Além do que a distância espiritual e as incompatibilidades se tornaram uma constante em nossas vidas.
Quer me parecer que a única coisa em comum que restou e que hoje temos é a doce lembrança dos momentos felizes vividos naqueles tempos que certamente jamais voltarão.