DIABETES É INFORTUNIO?

"Em todas as circunstâncias dai graças porque esta é vontade de Deus a vosso respeito...” (I-Tessalonicense. 5,18).

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Não sei avaliar até que ponto ser diabético pode ser infortúnio. Em certa ocasião tive o “infortúnio” de separar do quinto casamento, e não demorou muito tive o “fortunio”, quero dizer a felicidade, de vir o sexto casamento que já doze anos dura. Mas haverão de me questionar a razão da comparação de um fim casamento, já que “cornoabetes” é doença apenas emocional, enquanto o diabetes é doença cientificamente comprovada com reações, também pelo emocional ,por todo corpo e não só na cabeça?

Muito simples. O homem ou a mulher, normais, ao se depararem com uma chifrada irreversível. Traduzindo; um fim de casamento, a primeira reação que têm é de mudar a alimentação, desfazendo-se do velho hábito. Em sua volta também haverá um novo lençol mesmo que no velho colchão, os horários da alimentação serão outro, e sem contar que, pelo menos no período inicial, acontecerão lindos beijos e inesquecíveis carinhos.

Por que digo não a estado de infortúnio? È uma situação que não combina com a felicidade que um diabético adquire na hora em que a doença vem para substituir aquela "normalidade", dos dias em que você passa pelo mundo sem que ninguém o perceba. O diabético, se assumir e quiser é uma pessoa feliz. Outro dia a minha filha caçulinha de seis anos de mim se aproximou eufórica, junto a uma menina da mesma idade, e me apresentou sorrindo: “Aqui meu pai, ele é diabético”. Não lembrou que sou jornalista, lembrou que sou diabético! O único título que se ganha também por mau comportamento.

Fui muito mal comportado quando mais jovem. Doces em quantidades acima daquela regra de sentir-se o sabor eu queria era encher a barriga, refrigerantes aos litros, ainda mais em festinha de aniversário; de graça vem mais! Cervejas, quanto mais loirinhas espumantes (com morenas de tira gosto) melhor ainda, Dormir? A hora que o sono viesse e não permitisse mais “viver a vida”. Tudo que podia agredir meu organismo era isso mesmo. Mas mantinha a esperança de viver bem, a vontade, pelo menos meio-século. Já estou chegando sessenta anos no próximo dezembro, por tanto estou no lucro!

Aos quase cinqüenta anos de idade, Deus que atende aos que crêem Nele, independente do grau do grau de fidelidade, me concedeu a “morte” da vida comum, me beneficiando com o diabete; Parei de farras, de loiras ou morenas, descobri que a vida não é só doce, valorizei mais o lar. Em nenhum dos cinco casamentos anteriores passei dos seis anos, se bem que tive duas viuvezes, mas não havia a felicidade e a harmonia de agora. Já estou em doze anos de feliz união, algo que nunca esperava e graças a que? Ao diabetes!

Então o meu infortúnio onde está? Ficou no passado, não o tenho mais e não volto para chorar em cima de uma sepultura. Sou feliz, com a minha família e meu querido hospede diabete, cuja despesa de manutenção é bem mais suave do que as noitadas e as gulodices passadas!!!

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia, e é feliz com seu diabete (tipo 02). Se não o tivesse não sabe o que teria, ou se teria alguma coisa? Poderia nem ter um lar!