10334329_648241511918419_8381590839295416916_n.jpg
 

O corpo de Mara Tayana Decker, 19 anos, foi encontrado 3 de maio, no bairro Guanabara em Joinville. A jovem estava desaparecida desde a madrugada do feriado de 1° de Maio. Segundo testemunhas, a jovem foi vista pela última vez saindo de um bar/lounge sozinha e pegando um táxi na Via Gastronomica localizada no Centro da cidade.



Nos Dias De Ontem



O mundo de antigamente não era perfeito mas, no meu parecer estava menos longe da perfeição do que o mundo de hoje. Manchetes, como esta que começa a minha crônica, também estampavam os principais jornais e revistas da época mas, com menos frequência, bem menos. Pessoas morriam menos em acidentes de transito e assaltos. Tragédias aconteciam sim mas, uma vez ou outra, e não ficávamos sabendo instantaneamente de todos os detalhes como hoje. As vezes nem tinhamos notícias de tantas coisas que ocorreram e mesmo assim a vida seguiu em frente deixando muita coisa para trás.
 

O mundo de então era maior do que o mundo dos meus pais. Hoje, o meu mundo por sua vez, é menor do que o mundo que pertence aos meus filhos. Bem menor eu diria. Aliás, o mundo de hoje é quase uma nação toda interligada numa imensa rede. Não requer isca para atrair, principalmente quando o mar está para peixe. Tudo e todos caiam na rede da Tecnologia da Informática (TI). Se não caiu hoje, na certa cai amanhã ou num outro dia qualquer. Não demora não. Por que o mundo de hoje tem pressa pra tudo. Aí, tudo vira presa. E com certeza, tem quem ama tudo isso, e ainda lucra horrores.

Fico imaginando como será o mundo dos meus netos daqui uns dez anos. Como vai ser o comportamento deles? O relacionamento com outros adolescentes? Paqueras? Namoros? Será que vão 'ficar'? Confesso que adoraria que fosse algo como 'Vale A Pena Ver De Novo', algo vintage dos anos ´60, ´70 ou ´80 mas, pelo que sinto no ar, não vai ser nada parecido. Estou apostando em algo inédito. Inusitado talvez?
 
No meu tempo, não eram baladas. Eram bailes em clubes e na casa de amigos que começavam e terminavam cedo para não incomodar a vizinhança, segundo os responsáveis.

 
images?q=tbn:ANd9GcSVorqrBlqyCq1dQpPfDib8Pwzg9hg-djfV1rTrsZNTkhgSqani

Tinha a famosa 'esticada' depois do baile que significava um pulo até um boteco ou lanchonete pra tomar a saideira que poderia ser uma cerveja ou um suco com direito a um misto quente ou comidinha de bar enquanto se jogava conversa fora. Os mais sofisticados curtiam os aviões decolando e aterrizando enquanto saboreavam aquele cafezinho inesquecível do Aeroporto de Congonhas. Um requinte todo especial para brindar o fim de noite com alguém especial.
 
 images?q=tbn:ANd9GcSDWzfT87O3qyn3LJvdJUgLZRkjwb8bXH7ZZ9xwnsUF9RKQGTR-
 
Quem sabe, dar um giro até a Vila Leopoldina pra degustar a famosa sopa de cebola da Ceagesp? Hummm ... mas aí era programa para altas horas ou madrugada de outono/inverno. Era um programão. Só não rolava selar a noite com beijos calientes, não é mesmo.
 
A menina se despedia dos pais e saia em companhia do rapaz que havia lhe feito o convite. O nome do jovem não era nenhum mistério, nem seu sobrenome, muito menos seu endereço e número de telefone. Rapazes, naquela época, tinham procedência além de RG e brio.

Não tinha essa de sair sozinha. Moça direita, tipo família, pra casar, saia acompanhada também por suas amigas. A turminha voltava toda junta para terminar a farra dormindo na casa de uma delas. Naquela época já existia a tal festa de pijama, ou sleep over, e as garotas nem sabiam o quanto já eram moderninhas ou frentex.
 
images?q=tbn:ANd9GcSZSuk3uTnyX951B_B4-9u-zilqdp-qupWNThcUSWh3CVPJT8vF

Programa naquela época era curtir um cineminha, show, jantar, baile ou danceteria tipo Hipopotamus para dançar a dois e não em tribo como a garotada de hoje dança em público sem pudor. O mundo moderno procura estar preparado à toda hora para descer até o nível do chão quanta vezes for preciso.

No meu tempo, tudo que queríamos era dançar, curtir a noite genial e prazerosa que Claudio Zoli convocava com a sua banda Brylho. Dentro do peito tinha aquela torcida para seu signo combinar com o daquela pessoa especial que estava na sua. Cumplicidade rolava livre e leve pelo ar levemente perfumado a patchouli. A tigresa cantada por Caetano se manifestava na cabeça das jovens que se viam na selva, rolando perdidamente na relva ao som do Júlio Barroso e As Absurdettes.
 
images?q=tbn:ANd9GcQaITeMX3K_awuT9uFNftRRszOJWSdzdx3jKPf69BhyiQ8fapQHSA

Pouca grana não era problema. Sempre havia alguma opção, geralmente um point popular para namorar na calada da noite.
 
images?q=tbn:ANd9GcRUZp_d5phRMOxrEs-dqVhWp9wfacIuAjZCI1bPWjYkf0dTeYs0

Mas antes, um sundae ou colegial numa confeitaria do bairro onde rolava um papo gostoso para depois partir para o point, um local meio escondidinho e escuro com vista bonita e luar. Como a Praça do Mirante no Alto do Sumaré que fica bem pertinho da antiga Rede Tupi de Televisão em São Paulo. 
images?q=tbn:ANd9GcQA-LDId-UW4JOt5UkpphGpyndzpAEF8UiSgk3eVn26iD2N0QO8Cw

Programa custo zero também rolava, porque não. Um momento familiar com direito à novela das oito que realmente começava às oito ou um programa qualquer até o pai dela começar a bocejar e comunicar ao candidato à pretendente que já estava na hora de bater o ponto e ir pra casa.
 
images?q=tbn:ANd9GcS6AphrqqtpPeFaYKlAVV20JEKhfoDwLcRkomlObmMLNRKxVrjp
 
O casal ficava junto até o fim do encontro, queira por bem ou não. A hora do adeus geralmente ocorria  por volta da meia noite ou o mais tardar, uma da manhã. Se houvesse alguma mudança no programa e/ou no horário de voltar para casa, os pais eram avisados pela filha previnada que sempre carregava ficha telefônica na carteira ou bolsa.

 
images?q=tbn:ANd9GcSJPxQ4cdmMds2kQPXEG6v4Uk_SuH93qA3ISXGGVMrvOh51s7N2

As meninas de antigamente, até os anos ´90, eram do tipo 'delivery' e o rapaz zelozamente a deixava na porta de casa e a aguardava entrar depois do beijo de despedida ou do respeitoso 'Obrigada e boa noite.'  
 
2Q==

Logo viriam mais encontros, se ambos se curtiram. Se o encontro foi marcante, o rapaz mandava flores no dia seguinte, geralmente um domingo. Se foi realmente algo incrível, ele levava pessoalmente um buquê de rosas até a casa da moça antes do meio dia, aproveitava a visita e já compartilhava do almoço em família para conhecer um pouco mais do mundo daquela garota especial.    

Hoje, pelo que leio, escuto e sinto, a coisa anda preta. Nem anda ... corre! Algo tipo Fast & Furious que atropela e acaba pondo as pessoas em risco.

Meninas saiam pela night como se fossem donas do próprio nariz porém ainda vivem com os pais. Dormem por aí como se fossem gatas em telhado de zinco quente deixando os pais aflitos. Os bodes estão soltos e hoje pode ter certeza que quando a cabra não está afins, o bode pega gata, piranha, vaca, cachorra ... o zoológico todo se deixarem. Como seria bom resgatar certos costumes do passado, como aquela essência de sedução sútil, quase que infantil, sem brincar com os sentimentos alheios, muito menos arrancar pedaços e dilacerar corações para depois divulgar na net e via cel. 

Beber mas, não perder a elegância muito menos o juízo e ficar sem noção ao ponto de não se lembrar do que fez, nem com quem esteve. Se não puder dirigir, lembra da Angélica e volta de táxi. Gente prevenida vive mais. Pelo menos ao meu ver. 

Nada de fazer aquela mágica incrivel e depois evaporar sem deixar rastro. Alguém vai saber do seu paradeiro e vai lhe denunciar só pra ganhar um montão de "CURTIR" e comentários. 

Hoje, não tem como manter a fama de mau por muito tempo. Seu perfil está registrado, conectado e sacramentado na memória dos computadores, celulares e chips dos amigos, amigos dos amigos e um bando de seguidores que passam por você na rua, dançam ao seu lado na balada e você nem sabe ao certo quem são. Deveria saber por que sua mãe está sempre batendo na mesma tecla, lhe dizendo, "Diga com quem andas e lhe direi quem és." Mulher não esquece, muito menos a sua mãe. 
 
Refletir sobre o comportamento que existe nos relacionamentos de hoje é essencial, seja lá o tipo que for. É bom ser honesto sobre a própria sexualidade e sempre buscar não mentir, nem iludir, muito menos enganar o parceiro, paquera ou próximo. Ser sincero sempre é o melhor para todos. Afinal, é dando respeito que se recebe. 

Quem sabe, se a Mara Tayana tivesse sido acompanhada na saída e entregue em casa ... E se ... 

Tudo está descartavel. Tudo ... principalmente o ser humano. Infelizmente.

 

 
 
images?q=tbn:ANd9GcQmZEjhRhN197PMjYjQsOc45iD6isO6jxuOGBuKjaBqT6T-Q2z-yg
Poderia ter escrito algo alegre, engraçado ou até erótico para este marco aqui no Recanto das Letras mas, nos últimos dias tenho visto e ouvido tantas coisas que me deixaram perplexa que resolvi postar um comentário no Face Book que acabou virando esta crônica. 
 
Agradeço a todos que passaram pela minha escrivaninha e um 'Thanks Again' especial para quem voltou outras vezes.

Aos leitores, que deixaram comentários e mensagens bacanas que me fazem sorrir que nem boba alegre e me inspiram para escrever cada vez mais, quero deixar um enorme abraço e todo meu carinho. E não esqueça: Seja bem vindo sempre. 

XOXO³
Calada.Eu/Patricia


 
Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 09/05/2014
Código do texto: T4799820
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.