A Soma da Vida

Nunca imaginei que fosse relacionar a matemática em alguma reflexão minha sobre a vida, já que dela sou inimiga desde que nos conhecemos, porém, cá estou humildemente me redimindo da antipatia estabelecida que gostaria inclusive de declarar: muito obrigada por me ajudar a compreender que a soma da vida.

É desta forma que iniciei esta reflexão após conversar com uma amiga e ser estimulada por ela a escrever algo sobre a mulher e o amadurecimento.

Me sinto um pouco pretensiosa ao escrever algo sobre isso, não estou no auge dos meus oitenta anos e nem me considero uma grande mulher influenciadora de comportamentos e reflexões, no entanto, um pouco de maturidade e liberdade me permite escrever o que sinto e muito obrigada a você que parou para ler até aqui.

Perto dos 30 o espelho nos mostra algumas marcas no rosto que nunca imaginaríamos ter aos 8 anos, quando nossa meta de vida era brincar e torcer para que a nossa mãe não nos chamássemos na hora mais legal da brincadeira (aliás, incrível como elas sempre acertam). Detalhando um pouco mais podemos ver alguns fios de cabelos brancos, ou alguma mancha na pele que não estavam ali aos 15 anos, quando nossa meta de vida era encontrar o príncipe encantado (aliás, só nos contos de fadas que eles chegam aos 15 anos). Paramos mais um pouco e percebemos que nosso sorriso não é tão escrachado como eram aos 18 anos, mas menos debochado ele tornar-se mais verdadeiro, já que não temos mais a insanidade de querer agradar a todos para não estragar a balada.

Nestas e em outras reconstruções percebemos que perdemos, mas a maturidade que já começa a tomar forma nos faz mais leves, sem medo de ter que sair da brincadeira na hora mais legal, de entender que o príncipe aparece quando você também está disposta a ser princesa e que o sorriso não precisa ser escrachado e sim contemplado.

É a contemplação da nossa história que nos deixa inteiros para viver e saborear o nosso crescimento, é sabendo onde caímos que olhamos com cautela, é aceitar quando erramos que aprendemos a virtude de nos desculpar, é conhecendo verdadeiramente a essência das pessoas que aprendemos com quem podemos nos abrir.

São todos esses menos que com maturidade e entendimento podemos somar a nossa vida, e, principalmente não temer a chegada de nenhuma fase, simplesmente compreender que a nossa calculadora está sempre pronta para reiniciar a conta, não há nenhum saldo negativo que não possa se transformar numa poupança bem aplicada e permitir que tenhamos uma vida corrente e contente.

Rafaela Scicchitano
Enviado por Rafaela Scicchitano em 10/05/2014
Reeditado em 18/05/2015
Código do texto: T4801775
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