Amigas, ex-amigas, amigas...

Mirtes era amiga de Flaviana desde dos tempos do primário estavam juntas. Não eram as melhores amigas, mas eram próximas. Quando Flaviana conheceu Claudionor, Mirtes ficou muito feliz pela amiga e incentivou o namoro e depois o casamento. Mirtes acabou sendo uma das madrinhas de Flaviana.

Os anos se passaram e o casamento de Flaviana e Claudionor estava em crise. Ela desabafava muito com Mirtes e a amiga sempre lhe dando conselhos e sempre se colocava ao lado de Flaviana e contra as atitudes de Claudionor.

Na noite de quatro anos de que se conheceram. Claudionor não apegado a datas se esqueceu e viajou a trabalhou.Ele nunca lembrava de coisas assim. Flaviana estava tomada pelo ódio, logo naquela data especial para ela foi deixada de lado pelo marido. Estava sozinha vendo a novela quando a campainha toca. Era Dália, uma amiga.

Dália muito sem graça puxou vários assuntos, mas Flaviana tinha uma intuição forte e sem rodeios perguntou:

- Quem é a outra Dália? Você está enrolando há quase uma hora pra me dizer isso.

- É a... Mirtes.

- A Mirtes? Tem certeza?

- Sim...

Flaviana sorriu como se já soubesse. Na frente da amiga apenas praguejou mas quando ela foi embora caiu na cama num choro tão dolorido que chegava dar pena. Ela até esperava ser traída pelo marido, mas pela amiga... Aquilo a chocou muito.

Ela ficou mal por dias... O novo casal, que todo mundo já estava ciente menos ela, ainda fez questão de culpa-la por tudo. Como se ela fosse culpada pela traição que sofrera.

Flaviana então ergueu a cabeça, deixou a dor dentro dela e seguiu a vida. Cortou relações com todos os amigos que tinha em comum com o novo casal.

Anos mais tarde Mirtes a procurou para pedir perdão. Não estava mais com Claudionor. Flaviana a perdoou, mas Mirtes tentava forçar a amizade da maneira que era antes.

Flaviana tentou e até conseguiu continuar falando com a traidora, e com o tempo deixou as feridas cicatrizarem. Não eram íntimas como antigamente, mas não eram inimigas. Era uma relação estranha, como se o tempo todo pisassem em ovos. Mirtes parecia sincera e Flaviana estava disposta mesmo a esquecer os erros passados.

O tempo passou e cada uma seguiu sua vida. Flaviana estava cada vez mais bem de vida, agora rica e com novo namorado. Não tinha ainda a intimidade com Mirtes e esta forçava o tempo todo. Ás vezes Flaviana sentia que Mirtes a invejava, mas não queria mais nutrir sentimentos negativos. Evitava a "amiga" e vivia sua vida com o forte intuito de esquecer o passado.

Já Mirtes nem se lembrava mais do mal que fez a outra. Voltou a ser o que sempre foi. Nem o perdão a mudara.

Numa noite de chuva, Mirtes estava saindo da casa do amante e voltando pra casa do namorado e ficou num ponto de ônibus lotado, espremida entre as pessoas. Puxou papo com a mulher do lado e contava vantagens da vida como sempre, claro que inventava muita coisa, mas era seu jeito.

Entre uma conversa e outra acabou por escorregar no meio fio e um dos ônibus passou por cima dela. Morreu na hora.

Dália quando soube logo foi avisar Flaviana ao saber da morte da mulher ficou assustada.

- Apesar de tudo ela não merecia um fim desses.Que horror!

Quando Dália saiu de sua casa Flaviana ainda abalada com a morte de Mirtes esperando pelo namorado abriu a garrafa de vinho, colocou na taça se aconchegou no sofá e naquela noite fria resolveu ascender a lareira e num suspiro falou com uma sinceridade cheia de tristeza:

- É... A vida castiga mesmo... Agora só falta o Claudionor...