Dilma, cuidado!

SSSSCHPRRLLEEEEETTCHH!!!

A flecha atingiu o meio da janela da suíte presidencial na Granja do Torto em plena madrugada, estourando e levando junto vidro e cortina veneziana até cruzar o imenso quarto e retirar parte do reboco da parede do outro lado. De imediato, os lençóis e o pijama de seda, tendo a presidenta Dilma como “recheio”, voaram um metro de altura! Só Michael Jordan parava no ar, vencendo a lei da gravidade... Para Dilma, a queda veio livre...

SSSBLAUNSCH!!!

Para a presidencial instituição e felicidade geral da nação foi só um enorme susto... Não houve lesões... o colchão era muito bom! Bem melhor do que o governo...

Ataque repentino direto ao coração sempre deixa o sistema nervoso em polvorosa... Helicóptero com soldado descendo por escada de corda no telhado da casa, investigadores andando lá dentro prontos para entrar no quarto, viaturas chegando de todo lado com sirenes abertas, polícia de choque de prontidão no portão da fazenda, batalhão de operações especiais esquadrinhando as moitas, macegas e matos, espaço aéreo da capital federal fechado pela Aeronáutica, aviões de caça cruzando o céu...

Enquanto isso, dois policiais brutamontes surgidos do nada juntam a presidenta vestindo-se com penhoar dourado, cruzam a porta secreta do quarto e colocam-na sentada na copa para tomar o café da manhã... Montou-se uma operação de guerra!

Quem era o inimigo? Não era difícil constatar a presença de índios no terreno ao observar aquela enorme flecha estendida ali no chão do quarto... Onde estavam? Tanto numa floresta quanto num campo aberto, ninguém desaparece tão rápido quanto um índio! Não acharam nem vestígios!

Oito índios tupinambás andavam há alguns dias na região da Granja do Torto, observando os passos da presidenta e o provável quarto da casa onde ela dormiria à noite. Acertaram em cheio! Um pulo da cama da mandatária às três horas da madrugada não deixa de ser um abalo sísmico na República, o fracasso no sistema de segurança presidencial noturno... e até que ponto os índios podem chegar quando injustiçados e inconformados.

Eles participaram, em Brasília, na última semana de abril de 2014, de mais uma audiência pública na Câmara Federal para denunciar o assassinato de oito índios nos últimos quatro meses, ameaças de morte por parte dos fazendeiros, conflitos e a omissão do governo para a demarcação de quarenta e sete mil hectares da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, em trâmites burocráticos desde 2011. A presença do Exército e da Força Nacional de Segurança na região não ajudou em nada.

Dom Erwin Kräutler, bispo da prelazia do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) acusou na visita que fez ao Papa Francisco recentemente que há uma campanha anti-indigenistas em curso no Brasil, tentando anular direitos indígenas garantidos na Constituição de 1988.

Josias Manhuary Munduruku, 36 anos, casado, dois filhos, chefe dos mundurukus, etnia que reúne onze mil e seiscentos índios em cento e dezoito aldeias na Amazônia foi a Washington no final de março para denunciar na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) a completa ausência de disposição do governo federal para dialogar com eles – a necessária consulta prévia – sobre a construção de barragens na bacia do rio Tapajós.

Os planos governamentais incluem a construção de três usinas hodrelétricas no Tapajós, quatro no Jamanxim, cinco no Teles Pires e dezessete no Juruena.

Os caiapós do cacique Raoni também não foram consultados sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte no Xingu. As nascentes do Xingu como as do Tapajós estão sendo destruídas... O diálogo seria o primeiro sinal de respeito e altruísmo à Amazônia, mantendo-a igual ou melhor.

O que significa tudo isso, então?! Intervenções de parceria governo-empresarial predatórias e imprevidentes, como foram as implantações das usinas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, registrando em Rondônia e no Acre a maior cheia de sua história em março?! A corrida do ouro rumo ao progresso?! Ou o pulo da cama no meio da madrugada da presidente insensata que não cumpre a lei?!

Miguel Wetternick
Enviado por Miguel Wetternick em 12/05/2014
Reeditado em 22/01/2015
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