PRÓXIMO DO PRÓXIMO

Filosofia em revista

PRÓXIMO DO PRÓXIMO

O se humano de que falávamos na semana passada, não vive sozinho, ele depende do próximo dele. Ele sempre perguntou: de onde veio, o que faz aqui e para onde vai. Nessa trajetória, o ser humano caminha com os seus semelhantes em primeiro lugar, e também com o todo das coisas existentes.

A palavra próximo nos tempos passados designou a pessoa mais perto, e hoje, com o avanço da tecnologia, o ser humano acabou tornando-se próximo até de quem está do outro lado do mundo. A globalização fez com que o mundo tornasse interesse de todos os seus habitantes. Nunca foi falado tanto sobre o planeta como morada dos humanos, quanto agora. E o sentido de próximo ganhou uma conotação de humanidade, ou seja, o próximo é o ser humano. Então, falar sobre o próximo é falar sobre interpessoalidade.

Diante das perspectivas do transcendente e do diálogo dos seres humanos entre si, o outro se torna um ser importante. Ele não fica na fase de produto final da relação intencional, nem fica na unilateralidade, mas se atualiza dia-a-dia no encontro com o semelhante de forma recíproca. Isso elimina a filosofia do egocentrismo. O tu é tão, senão mais, importante do que o eu. Negar o outro seria uma negação de si mesmo. Aqui podemos corrigir o nosso amigo Descartes no seu cogito. O que essa realidade nova muda no espaço sócio-político, econômico e religioso é um disparate. Qualquer organização humana tem por obrigação levar em conta a intersubjetividade entre os membros. Sem coisificação ou escravização do outro, pois as pessoas humanas são muito próximas umas das outras e na proximidade livres.

A presença do outro na minha vida revela as falhas e as qualidades do meu eu. Não há positivo ou negativo sem uma checagem a priori. O que se afirma não é a idéia, legalidade ou valor, mas o ser humano concreto e individual que se faz presença na mesma realidade em que o outro faz. Assim sendo, a transcendência aparece quando se nomeia o próximo. Por isso a presença do próximo seja perto ou não, diante da minha individualidade, é uma experiência transmundana, diante do humano, da sua luz que recebe e transmite claridade. Assim sendo, o próximo é todo o próximo, seja perto ou distante, porque todo ser humano deve ser respeitado e valorizado como humano que é. E quando isso não acontece, começa a surgir desumanização. E essa realidade leva a um transtorno enorme para todos, sejam próximos fisicamente ou não.

É isso!

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 09/05/2007
Código do texto: T480719
Classificação de conteúdo: seguro