O MILAGRE DA SIMPLICIDADE.
                                     ‘’PENSAMENTOS VALEM E VIVEM PELA OBSERVAÇÃO EXATA OU NOVA, PELA REFLEXÃO AGUDA OU PRO-      FUNDA, NÃO MENOS QUEREM A ORIGINALIDADE, A SIMPLICIDADE E A GRAÇA DO DIZER.”
                                       (MACHADO DE ASSIS)  
 
Fico muito decepcionado quando me deparo com um texto abarrotado de palavras esdrúxulas, num amontoado tão intrincado que desanima e nos faz abandonar a leitura.
Tudo o que se escreve é – eu imagino - para ser lido e assimilado POR TODOS, pois do contrário seremos pouco lidos e muito menos compreendidos e o nosso objetivo deixará de ser alcançado.
Então, o que leva alguns a adotar esse estilo, nem  usado  pelos  mais  preciosistas dos parnasianos?
Necessidade de afirmação?  Desejo de parecer erudito? Sei lá!
O exemplo mais clássico dos seguidores desse estilo, é  dado pelo poeta maranhense Luis Lisbôa, em seu poema “ A uma Deusa”, tão marcante que já faz parte do folclore, entendendo, alguns, como sendo uma sátira ao estilo romântico.
 
                              Tu és o quelso do pental ganírio,
                              Saltando as rimpas do fermal calério,
                              Carpindo as taipas do furor salírio,
                              Nos rúbios calos do pijón sidério.
 
Chega ou quer mais?
Como exemplo do verticalmente oposto, vão a seguir alguns poemas de autoria de verdadeiros ícones universais.  A lista seria infinitamente maior, mas devemos obediência ao espaço disponível e ao limite de paciência dos leitores (textos longos também não são bem assimilados).
 
LUIS DE CAMÕES
“O amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina, sem doer.”
 
OLAVO BILAC
“Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso!
E eu vos direi no entanto
Que para ouvi-las,
Muitas vezes desperto
E abro a janela, pálido de espanto.”
 
CASTRO ALVES
“Eu já não tenho mais vida!
Tu já não tens mais amor!
Tu só vives para o riso,
Eu só vivo para a dor.”
 
DANTE ALIGHIERI
“No meio do caminho desta vida,
Me vi perdido numa selva escura.
Solitário, sem sol e sem saída.”
 
FERNANDO PESSOA
“O poeta é um fingido,
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente.”
 
Todo mundo entendeu?  Alguém teve que recorrer ao dicionário? Ótimo para nós que deliciamo-nos com tanta beleza e maravilhoso para os autores pela sabedoria no transmitir seus pensamentos.
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(dedicado aos homens e mulheres que, com simplicidade, sabem exprimir seus pensamentos e conseguem tocar fundo nossa alma)
Imagem - Internet
 
paulo rego
Enviado por paulo rego em 20/05/2014
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