Sou da superfície. E você?
Sou da superfície.
Minha vida sempre foi pautada assim. Começo a gostar ou praticar algo com pleno interesse. Me dedico. Os outros tendem a pensar que sou expert no assunto. Geralmente me saio bem, sem falsa arrogância. É apenas constatação.
Mas bem no fundo da alma, penso que não sei o suficiente. Não sou bom o quanto precisaria. Bate a insegurança. Vem a dúvida, continuar ou não? Tantos o fazem, deve ser fácil. Porque não eu?
Até que um novo interesse me fascina...
Ser da superfície é ser heterogêneo, volúvel, etéreo. É necessitar sempre novas fontes.
A água rasa conhece o calor do sol, bem como a aspereza das madrugadas gélidas. Pode matar o calor de quem tem sede ou aquecer as almas desidratadas pela frieza de certos momentos da vida.
As profundezas guardam segredos que nem sempre devem ser desvendados. Eles estão lá, encravados, solidificados, à espera de quem os vá decifrar. Muita determinação e disciplina é exigida para tanto. Mérito para poucos.
Ainda bem.
A vida muda ao sabor do vento.
Devemos mudar também...