ALGUNS OLHARES SÃO MAIS PROFUNDOS

Era um dia desses comuns da vida acadêmica, trabalho, prova, seminário, não importa agora.

Eu estava ali sentada olhando para o nada, alguns pensamentos começaram a fluir na minha mente como folhas de arvores secas num dia de outono, foi quando apenas um olhar me chamou atenção, era um garoto alto, forte, charmoso, bonito.

Não está não é uma história de amor em que os olhares se cruzam e a paixão se faz presente, está é uma história, sobre um monte de ideias amontoadas em nossas mentes, uma história onde pessoas podem até não se comunicar diretamente, mas uma vez distraídas perdidos em suas memorias o rosto as entrega.

Nesse momento o professor falava sobre que tipo de profissionais nos tornaríamos, foi quando esse garoto fez um gesto com as mãos e as palavras soaram de sua boca como um pássaro ao sair a primeira vez de uma gaiola.

Que tipo de profissional eu serei?

Serei aquele que nota apenas o que meus olhos querem ver ou aquele que enxerga a vida como ela realmente é.

No amargo de ver o sofrimento de uma criança que se alimenta de biscoito de barro na África, crianças mutiladas em cidades no Oriente Médio, favelas do Rio de Janeiro, dominadas pelo narcotráfico, e autoridades corruptas roubando tudo de quem não tem nada, é ridículo ver um cidadão que nunca precisou contar moedas pra tomar um mísero gole de café, falar que faz a manifestação quem não tem dinheiro o suficiente pra desfrutar dos prazeres da copa do mundo.

Mas quem sabe um dia o ser humano utilizar-se da sua inteligência para provar o doce sabor que a vida tem tornando-se menos egoístas. Hoje o café tem seu encanto. O capuccino é o senhor de terno que desfruta de refinamento e requinte, assim como o popular cafezinho representa o brasileiro clássico que mata um leão a cada dia. O café é democrático! Mas quero ver democracia naquela criança africana naquele palestino mutilado, naquele morador de favela, quero ser um profissional que se torne a verdade em primeiro lugar que não continue fechando os olhos para a verdade do mundo.

Eu então percebi que aquele simples olhar expressava a realidade do mundo e que sobretudo, aquele garoto não se tornaria apenas um bom profissional, mas alguém humano pois para viver exige que tomemos uma posição perante a vida. Nem que seja com a simplicidade de um olhar.

Rubia Nascimento
Enviado por Rubia Nascimento em 26/05/2014
Código do texto: T4821407
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