Nós, os deficientes.

Hoje pela manhã ao abrir meus e-mails, me chamou atenção um em especial, recebido por um amigo que mostrava a história de um homem que tinha nascido com uma deficiência rara em que lhe faltavam as extremidades, falando o português mais claro, esse homem possuía apenas o tronco e a cabeça, lhe faltavam os braços e todos os outros membros da cintura para baixo.

Nesse e-mail esse homem contava sua história, as dificuldades e os preconceitos que passou ao longo de sua vida, e de como foi difícil vencer todos os obstáculos que a vida e os próprios seus semelhantes lhe impunham. Contava como foi difícil a sua jornada até conseguir vencer os preconceitos, quebrar os paradigmas que a sociedade tem em relação á pessoas como ele.

E no final desse longo e emocionante e-mail destacava-se a frase: "E NÓS AQUI SE QUEIXANDO".

Após ler esse e-mail, parei e refleti e subitamente pensei em repassá-lo á todos os meus contatos, por achar que isso é uma lição de vida, de força de vontade e de muitas outras coisas, e também se fixou na minha mente a frase destacada no final desse e-mail, que não deixa de ser uma grande verdade também.

Mas parei e refleti mais uma vez e nesse exato momento pensei: se repassar esse e-mail á todos os meus contatos irei me sentir uma pessoa extremamente hipócrita, e estarei indo contra a tudo que penso, acredito e defendo. E segui refletindo... Por mais que esse e-mail, essa história em si seja uma emocionante lição de vida a muitas pessoas, seria uma grande hipocrisia de minha parte repassá-la á qualquer pessoa, pois pensando melhor, bem ou mal todos nós temos nossas deficiências, e não falo apenas de deficiência física, mas sim de várias outras que temos contidas dentro de cada um de nós. Alguns de nós somos deficientes emocionalmente, espiritualmente, sentimentalmente e muitos outros tipos de deficiências nos assolam ao longo de nossas vidas, e que por mais que essas nossas deficiências não cheguem nem aos pés da deficiência desse admirável homem, não deixam de fazer nossas vidas serem sofridas, não nos privam de muitas vezes enfrentarmos os preconceitos da sociedade, dos nossos semelhantes.

E usando um termo bem burlesco, a maioria de nós pode considerar-se "aleijado", mesmo que não precisemos do auxilio de máquinas e equipamentos para conseguirmos nos locomover como o cidadão citado no e-mail, muitas vezes acabamos por nos sentir incapazes de muitas coisas, pois nossas deficiências muitas vezes nos torna cidadãos diferentes perante a sociedade e nossos semelhantes, nos fazer sentir na pele o preconceito e a rejeição.

Mas quando resolvemos compartilhar essas nossas deficiências com algum de nossos semelhantes, a fim de amenizá-las ou compreendê-las, acabamos sempre por ouvir aquela celebre frase: Tanta gente por ai em situação pior e você ai reclamando de barriga cheia.

Será que nossas deficiências não têm importância pelo simples fato de não serem físicas? Será que as pessoas não conseguem compreender que elas também possuem alguma, e que essas nos fazem sofrer tanto quanto as físicas?

Quem sabe o dia que as pessoas pararem para pensar e resolverem dar a devida importância a essas deficiências conseguirá tratá-las e quem sabe extirpá-las conseguindo assim ficar totalmente sã e conseguir ajudar os que fisicamente deficientes aguardam com ansiedade semelhante, esses são de deficiências emocionais, espirituais e afetivas, que tenham a mente sã, e assim a real capacidade de tratá-los de igual pra igual, sem preconceitos nem rejeições.

È disso que o mundo realmente precisa hoje, pessoas sãs mentalmente, imunes de sentimentos ruins, que quando vêem um semelhante seu num estado como o cidadão citado no e-mail não usem e abusem de suas deficiências emocionais, afetivas e psicológicas para julgá-los,rejeitá-los e tratá-los com indiferença.

Então vamos tratar as deficiências que possuímos dentro de cada um de nós antes de apontar nosso semelhante!

Deby Lua
Enviado por Deby Lua em 10/05/2007
Reeditado em 02/10/2010
Código do texto: T482297
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