JOSELITO E AS NUVENS

Era bonito aquele potreiro. Tratava-se de um campo liso parecendo um tapete verde, que estendia-se da casinha branca até a beira da estrada. Ali sempre que queria isolar-se do mundo Joselito deitava-se de barriga pra cima e ficava fitando o firmamento distante e cheio de nuvens. A mãe sempre alertava ""o tempo está se preparando, vamos ter chuva".

Enquanto a chuva não vinha, Joselito divagava olhando o céu coberto de nuvens onde formavam-se as mais diversas imagens, que iam desde inocentes carneirinhos até esbeltos corpos de mulheres que já povoavam o imaginário do menino Joselito, no auge dos seus doze anos.

Nesses momentos Joselito esquecia-se dos difíceis trabalhos escolares, dos afazeres domésticos e principalmente da ausência do pai, que com certeza estaria em um lugar bem acima daquelas nuvens, que efêmeras, desmanchar-se-iam logo na chuvarada que a mãe já pressentira.

As horas passavam e passavam também pela imaginação do menino imagens de cabeças de gado, quem sabe de algum boi desgarrado da tropa levada pelo pai, tropeiro no céu. Formavam-se também comboios que poderiam ser caminhões onde ele, o menino Joselito, gostaria de, já adulto, estar rodando pelas estradas do Brasil.

Sobressaltado o menino abre os olhos, percebe que dormiu na grama verde coberto apenas por um lençol de nuvens brancas, que transformaram-se nos pingos da chuva que agora molham seu rosto.

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 10/06/2014
Reeditado em 11/06/2014
Código do texto: T4840120
Classificação de conteúdo: seguro