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O Mundo Está no Fim!
 


Às vezes, acabamos vendo coisas que não gostaríamos de ver. Coisas que nos enchem de indignação, tristeza, revolta. Coisas que acontecem a todo instante, e quando eu penso nisso - que elas acontecem e podem estar acontecendo agora mesmo em algum lugar - eu tenho vontade de desaparecer. 

Há alguns vídeos sendo partilhados hoje em dia no Facebook sobre os quais não precisamos clicar para assistir; basta que, sem querer, passemos o mouse sobre eles e isto basta para que comecem a rodar. Infelizmente, acabo de ver um vídeo onde um rapaz, que eu não julgo um ser humano, segurava um cão beagle pela pele do pescoço com uma das mãos, enquanto o socava com a outra. Não sei como o vídeo termina, pois não tive coragem de assistir até o final, devido às náuseas que senti. Fiquei pensando no quanto eu lutei para salvar minha cachorrinha, no quanto foi doloroso perdê-la, e em todas as alegrias que ela trouxe às nossas vidas. Enquanto isso, alguém que não merece ter em casa nem mesmo um vaso de plantas, comete uma atrocidade daquelas com um animal indefeso. 

Eu costumo dizer que jamais desejo o mal a ninguém. Mas eu menti. Quando vejo uma cena dessas, eu gostaria que minhas palavras tivessem o poder de chegar até um ogro destes, e tivessem um efeito poderoso. A uma criatura destas - que eu me recuso a chamar de pessoa ou de ser humano - só desejo uma coisa, uma só: uma morte precoce, lenta e muito dolorosa. Uma que permita que ele tenha bastante tempo para pensar nas maldades que fez, e se arrepender de todas elas, mesmo sabendo que é inútil. 

Senti uma impotência enorme por não saber onde está aquele cão, e não poder fazer nada para livrá-lo das garras daquele ogro marginal. Gostaria, sinceramente, que este pobre cachorrinho pudesse ser salvo por alguém que lhe proporcionasse uma vida feliz e digna, na qual ele se sentisse protegido e pudesse esquecer-se de todas as maldades que lhe fizeram - pois os cães tem memória e ficam, sim, traumatizados. 

Enquanto não aprendermos a tratar os animais com humanidade e decência, não poderemos afirmar que houve, no mundo, algum progresso.  Enquanto enxergarmos os animais como seres inferiores a nós que podem ser submetidos ao nosso egoísmo e interesses comerciais, o mundo será esta esfera  encoberta por uma camada mal-cheirosa de maldade. Pois quem maltrata um animal indefeso, é capaz de maltratar uma criança, um idoso ou qualquer pessoa. 

Não gostaria de ter assistido àquele vídeo. Mas talvez ele esteja lá para nos fazer lembrar que existem criaturas no mundo que são capazes de tudo, e que esta afirmação, ao invés de pessimista, é apenas realista.

Existem milhões de animais que são abandonados todos os dias, simplesmente porque a pessoa egoísta que os pegou para criar não conseguiu lembrar-se de que eles comem, precisam de cuidados veterinários, vivem por volta de dez a dezessete anos e necessitam de atenção e cuidados especiais. Apenas olharam um filhotinho bonitinho, e com olhos egoístas, desejaram possuí-lo. Mas assim que o animal começa a "causar problemas," colocam-no dentro de um carro e o abandonam para morrer de fome, frio, crueldade nas mãos de uma besta dessas como a do vídeo, atropelamento ou doenças. Alguns há que os jogam vivos dentro de rios para que sofram a morte dolorida por afogamento. 

Lembro-me de que quando passeava com meu cão Aleph - um Rottweiler belíssimo - algumas pessoas que mal tinham o que comer ou onde morar me cercavam, pedindo filhotes que eu tinha certeza que eles não poderiam cuidar, apenas pelo prazer de dizer que possuíam um cão de raça. Enquanto isso, seus pobres vira-latinhas passavam fome nas ruas, cheios de sarna e doenças. Jamais daria um cachorro a alguém que eu não tivesse certeza que cuidaria bem dele.

As pessoas precisam ser educadas quanto à maneira como tratam os animais. Acho que deveria ser matéria de currículo escolar. Existe ainda um longo caminho a ser seguido nesta direção. Infelizmente, eu não posso recolher todos os cães perdidos que encontro pelo caminho. Ninguém pode. Mas já pensamos em adotar assim que estivermos prontos e recuperados da nossa perda recente. Tomara que possamos ajudar pelo menos um ou dois destes cães.


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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 30/06/2014
Reeditado em 30/06/2014
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