ERA  PODEROSO COMO UM PRÍNCIPE...
Foi na década de 70,quando delegado de polícia,ainda jovem e recém-casado,fui lotado/indicado a uma cidadezinha que ninguém quase conhece ou nem se ouve dizer,até hoje,nominada de MACEDÔNIA,na Alta Araraquarense,zona Oeste,do Estado de São Paulo. Tinha poder de polícia,em área territorial,maior que um príncipe, o Príncipe de Mônaco,herdeiro daquela cidade-nação,que desde séculos adota até hoje a Monarquia hereditária. Mônaco,fronteira com a França,tem uma área territorial 1.97 km quadrado,somente.  É o paraíso dos ricos,dos opulentos,milionários e é também famosa pela –indigesta,mercenária escuderia da Fórmula 1, de um mesmo,desses carros de corrida.Uma “marmelada” de ídolos e endinheirados que exploram essa “coisa”,até chamam isso de “esporte”.Um circo a céu aberto.Há também isso,no mundo inteiro. São os ricos,fanáticos,remediados e mesmo pobres que  idolatram essas corridas e pilotos que nunca levam a lugar algum.E chegam até o “podium” de efêmera glória. Gosto não se discute.Paciência.Respeito os que discordam...Embora ainda admiro o nosso herói-piloto,Airton Senna,Airton Senna...Valeu,Senna,valeu!!Projetou mundialmente o Brasil,nesse dito “esporte”.
Macedônia,distante mais de 500 Km de SAMPA,tem 327 km quadrados... Era e,-- pela lógica- ainda é uma cidade pacata.O prefeito veio  até mim ,de chapéu de palha na cabeça, idade avançada,com sorrisos cordiais, abertos,largos,mãos acolhedoras. Recebeu-me,dando boas vindas.Para o prefeito,aquilo era uma extrema  e suprema honra.Macedônia tinha,finalmente, uma autoridade policial...muito embora eu residisse em Votuporanga,cidade próxima.A delegacia era um casinha improvisada com uma porta comum de madeira velha,emperrada,logo duas pequenas salas,uma do delegado e outra de um soldado destacado pela PM.Nada mais. Um único xadrez,sem ninguém.A Comarca era Fernandópolis.Nada ou quase acontecia,pois,tudo era paz.
MACEDÔNIA é originária de índios bem primitivos que habitavam a região das velhas Gerais,hoje Estado de Minas, próxima do Rio Grande,também chamado de Paranaíba,onde hoje existe também a cidade de INDIAPORÃ.  Acabei,por osmose, também  delegado de polícia,em INDIAPORÃ maior número populacional e a área do Município  de 279,5 km./quadrados.Daí a razão do título desta crônica singela.A área de atuação era bem grande.Tudo,pelo menos em área,maior que o Principado de Mônaco,sem pompa e circunstância.
Naquela época,a região carecia de Segurança Pública,(não havia delegado de polícia na região oeste há anos), não era nada cosmopolita,mas puro sertão. Mas,o sertão também precisa de alguém para fazer a chamada “segurança pública”.Povo sempre bom,exageradamente acolhedor para quem vinha de SAMPA. Assim foi.Nunca vi povo tão bom e acolhedor.
Em INDIAPORÃ –cidade à beira do Rio Grande que também fazia divisa com o Estado de Minas Gerais,por via de robusta  e competente ponte de concreto armado,embora a rodovia era de terra,chão batido mesmo.Lá estava exatamente a chamada Cachoeira dos Índios, com belas quedas  dágua em meio a enormes pedras negras no leito e, --por óbvio-- fartura em peixes.Mais da espécie piapara.Uma delícia... O Rio Grande tinha com essa natureza exótica as águas da cor avermelhada e também era chamado de Rio Vermelho. A Cachoeira dos Índios tinha um barulho incomum e o povo dava diversos nomes a ela: “Caldeirão do Inferno”, “Tombo dos Dourados”, “Tombo da Fumaça” e o mais poético: “Véu das Noivas”. Assim foi.Adotei este último.   
Fui testemunha ocular da história no início da construção da que hoje é chamada a hidroelétrica de ÁGUA VERMELHA,com suas seis turbinas,inaugurada em 1979(não mais estava na região). Tudo mudou na geografia do município de INDIAPORÃ.
Conheci ainda em Fernandópolis,hospedado no hotel SOTAM,(o inverso é MATOS), de proprietários portugueses, um sábio e competente engenheiro francês.  Hospedou-se por meses,no SOTAM,indo e vindo do Rio Grande fazendo o levantamento topográfico,  de solo e geológico da Cachoeira dos Índios e imediações...”Ordens superiores”...Fiz até amizade com o ilustre gaulês e um dia no melhor francês disse-me,na belíssima e musical língua do filósofo Descartes:(traduzindo)-”Essa obra é um crime contra a natureza!”
Fiquei quieto.Entendi a sábia mensagem.Concordei. Não era eu o responsável pela futura obra,pela usina ainda a ser construída.E, tudo o mais.Nem por nada.O assunto meu,a minha presença na região era só policiar.Nada além.
Nunca mais encontrei o engenheiro francês,que cumpriu,rigorosamente, a sua missão.Logo deixou o País.Nunca mais voltou,certamente.Nem seu nome guardei. Ninguém é de ferro .
Foi embora sem mudar o seu conceito ecológico.
Tinha razão,meu breve amigo, o engenheiro da terra de Napoleão Bonaparte e de Charles De Gaulle.Só este último tive o prazer de conhecer,quando visitou o Brasil... gente boa!!!Era jornalista.
Agora,Napoleão Bonaparte,esse,coitado,
morreu na Ilha de Elba,e quem sabe dele são os ingleses que o despacharam para o além...antes do tempo.
Coisa para "inglês ver" e explicar!