Cadeado invisível

No começo parecia atenção, preocupação, desvelo, mas com o passar do tempo, o cerco foi se tornando insupor-tável. Ele sempre queria saber com quem eu tinha saído, a que horas tinha voltado, que roupa tinha usado, se tinha me divertido e o nome das amigas que formavam o grupo. Um simples encontro com as colegas de trabalho sus-citava uma série de perguntas. Sentia-me como se estivesse num tribunal, respondendo a um interrogatório. É claro que a relação com uma pessoa com esse perfil não pode durar. O pior de tudo é que a pessoa não se toca de que está sendo invasiva. Não se toca de que precisa de tratamento. Assim como existe a pessoa que se sente o máximo, existe aquela que não tem um pingo de confiança em si mesma. Desconfia até da sombra. Naturalmente é um sofredor/a e faz todos ao seu entorno sofrerem tam-bém. Eu acho que se estou nesse mundo é porque mere-ço, logo, o melhor que faço é viver intensamente, procurando dar um sentido à minha vida e tentando ajudar àqueles que necessitam. Não falo de ajudar financei-ramente, mas sim ajudar transmitindo ensinamentos, aconselhando quando possível ou, simplesmente, ouvin-do. Há pessoas que não têm com quem falar. Diferentemente dos abastados, que procuram um psicólogo, essas pessoas precisam apenas encontrar alguém que as ouça. Não é que possamos resolver os seus problemas, mas o simples ato de ouvi-las vai lhes fazer muito bem. Quando se divide um peso ele fica mais fácil de carregar. É claro que, se for ouvida por um especialista, o resultado será bem melhor.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 08/07/2014
Reeditado em 29/07/2014
Código do texto: T4874104
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