Sobre reflexões em tempos diferentes

Quando eu era criança e caía a chuva, lembro-me tão bem que na minha mente infantil e de total inocência ela só tinha duas definições: fúria do papai do céu ou então suas lágrimas.

Lembro que certa vez ao sair do colégio debaixo de uma chuva forte perguntei:

- Mãe, por que o papai do céu tá chorando?

Ela respondeu:

- Porque ele fica triste com as coisas ruins que as pessoas fazem.

Perguntei a mim mesma em pensamento se as pessoas não se importavam com o choro dele (e eu sentia tanta pena).

Cada vez que chovia eu ficava pensando se ele estava zangado ou triste e imaginava que era sempre culpa das pessoas. Parada em cima do pequeno sofá do meu quarto (para poder ver pela janela) eu ficava a questionar: "o que será que fizeram hoje?", "será que muita gente deixou triste o papai do céu?" (...)

A medida que fui crescendo percebi que a chuva não é mais do que um apaixonante fenômeno da natureza. Percebi que estava errada. Uma chuva intensa e violenta não é Deus reclamando, e sim a natureza. Quantas vezes as pessoas fazem mal a ela, como fazem também a si mesmas e as outras? Muitas, algumas dessas vezes com consciência desse mal, enquanto outras não.

Meus pensamentos modifico: a natureza e o ser humano que se expressam constantemente através do barulho. Talvez Deus só se expresse em silêncio.

Thaís C
Enviado por Thaís C em 18/07/2014
Reeditado em 30/05/2017
Código do texto: T4886362
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