ANGELA E PEDRO

A poeira cobria o vulto das duas crianças que à beira da estrada viam o velho ônibus "Mercedes" afastar-se cada vez mais pela estradinha de terra batida. Seus olhinhos infantis, marejados de lagrimas, viam cada vez mais distante a figura minúscula do coletivo que levava nele uma passageira especial. A mãe.

Angela e Pedro acompanhavam a partida da mãe que deslocava-se para a Capital, na busca de um tratamento melhor para um possível tumor que surgiu no seu corpo jovem e frágil de pouco mais de 30 anos. Na ausência da mãe as crianças ficariam com a vó, na ajuda dos trabalhos caseiros. Ângela na cozinha, cuidando a louça e Pedro no terreiro dando comida às galinhas.

O ônibus retornava no final da tarde, e diariamente a mãe era esperada, ansiosamente esperada. Na porteira da casa ficavam os irmãos, olhos grudados em qualquer movimento na estrada, procurando enxergar dentro do ônibus que se aproximava a figura da mãe amada. Os dias iam passando, alguns dias o ônibus velho e poeirento nem parava. Os meninos sofriam a espera. Era difícil entender que a demora era necessária, que os exames eram muitos e que a mãe hospedada com parentes, tinha diariamente a imagem dos dois filhos presentes em sua mente, em seu coração, em suas orações...

Os dias passaram... muitos dias passaram... até que naquele fim de tarde, de uma linda sexta feira, as crianças estavam de plantão a espera do ônibus. Quando ele se aproxima os meninos alegram-se, o motorista sorri, conhecedor da história, parecendo compactuar-se com as crianças vem buzinando. A mãe desce. O ônibus permanece estacionado, o motorista quer testemunhar a alegria do abraço, e a felicidade do reencontro. Ângela e Pedro recebem a mãe que, completamente curada, só quer a volta, para a sua casa, para a sua vida, para o seu mundo...

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 18/07/2014
Reeditado em 22/07/2014
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