A MARIA SANTÍSSIMA: MEU ETERNO AMOR FILIAL

Década de 70, uma mãe ensinava seu bebê a tomar a benção do Papai do céu e da Mamãe do céu, a cada amanhecer e anoitecer. O bebê tornou-se uma menina que continuava os ensinamentos da mãe e ia além. Na casa humilde de taipa e chão de tijolo batido, numa das paredes mal acabadas abrigava um quadro onde estava retratada uma face feminina: a face de Nossa Senhora.
Era um rosto alvo, emoldurado por uns vastos cabelos castanhos partidos ao meio e cobertos por um manto branco. Resumia um semblante sereno e amável que se expressava por um par de olhos azuis e ternos que pareciam transcender aquele quadro e penetrar os olhos daquela menina que a olhava e sentia-se invadir de amor, ternura e paz. A menina corria então ao pequeno espelho de seu quarto e, desajeitada, tentava pentear-se como a sua mãezinha do céu. Queria ser igual a ela em feições e virtudes.
O tempo passou... A menina virou mulher e as feições e virtudes de Maria não as conseguiu alcançar em toda sua dimensão. Mas rezava as mesmas palavras. No entanto, também se entristecia quando lia ou ouvia algo, que desrespeitava, desprezava e ofendia a Maria, sua mãe e de todos, porque ainda que muitos não a considerem assim ela os tem como filhos e os ama. Deus escolheu Maria por suas virtudes dentre todas as mulheres da terra. Então, ela teve o merecimento. Desde o início quando o anjo Gabriel anunciou que ela seria a mãe do Salvador e dos sofrimentos que passaria, sua resposta foi repleta de humildade: “Eis aqui a escrava do senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc. 1,38). E em várias partes da Bíblia há relatos das atitudes de resignação e amabilidade de Maria.
Devemos, no entanto ao lermos a Bíblia, termos muito cuidado, sempre levando em conta vários fatores como a época, o tipo de sociedade e de linguagem dentre outros. É importante também não levar as interpretações “ao pé da letra”, porque é sabido que todo texto que é traduzido, muitas vezes não encontra na língua para qual está sendo traduzida termos ou expressões equivalentes. Some-se a isso a supressão de sinais de pontuação o que faz com que o significado completo da mensagem seja comprometido. Como agir então?
O mais certo é interpretar segundo as personalidades históricas. Assim, Jesus sendo o amor encarnado todos, os seus atos, palavras e pensamentos expressavam esse sentimento. Foi assim quando defendeu a mulher adúltera, perdoou a “mulher da vida” e com tantos outros pecadores que o procuravam. Então, as atitudes de Jesus em relação a sua mãe não poderiam ser diferentes. Quando o primeiro milagre de Jesus acontece, é por intercessão de Maria. Ele não iria fazê-lo, mas por amor a sua mãe o fez. Esse gesto a colocou como intercessora de todos nós pecadores. Ele jamais diria: Mulher, o que tenho eu contigo? Mas talvez: Mulher, o que tenho eu com isso?
Outro fato que causa polêmica é o porquê de Jesus chamar publicamente a mãe de mulher. Porém os que são amor e vêem através dele sabem que nisso havia um motivo especial: o de proteger a mãe. Ele sabia que era perseguido, que em todos os lugares havia espiões enviados para averiguar sobre o que dizia, fazia, sobre amigos, familiares e o que mais pudessem saber. Jesus temia pela segurança de sua mãe e começou a agir dessa maneira por amor, e ela sabia disso e aceitava com resignação.
O amor por sua mãe chegou ao extremo da cruz, quando percebendo a hora de sua morte, pede a João que a considere como mãe, e a ela que o aceite como filho, para que ela não ficasse sozinha. E foi a partir desse gesto que todos nós na figura de João, consideramos Maria como nossa mãe.
E pensando também assim, a mulher seguiu seu caminho. Casou, gerou filhos e os ensina os mesmos gestos que sua mãe havia lhe ensinado. E assim será de geração em geração, perpetuando-se as mesmas palavras: A benção Papai do céu. A benção Mamãe do céu.




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