Felicidade.

A Chuva escorria ligeira pelo semblante da vida desferindo uma enxurrada de gracejos, como que se fizessem cócegas na terra.

Ó terra nua, Ó terra minha, sinta na alma minhas incontáveis gotinhas, assim cantava a sapeca chuva. E sobre o leito manso da face os rios sorriam em meio aos dentes de cachoeiras.

Lá nos bosques das gentilezas, as fadas se esfalfavam de tanta alegria, não sabiam se voavam se corriam, eram tantas que até as asas se colidiam e dessa fricção saiam faíscam cintilantes, brilhando no ar como fogos de artificio.

Os anões do vale perdido refocilam-se na lama do amor, alguns colhem flores odoríferas de querubim nos lábios dos ribeiros e pétalas de rosas níveas.

Os cordeirinhos correm pelos bosques de limeiras, mugindo como se a fala os fosse permitido.

Os elfos dos montes, outeiros e riachos banham-se nas águas serenas do rio da felicidade com ramos da floresta mágica.

A sombra dos arbustos preguiçosos dormitam alguns felinos que a mornas ventanias os pelos sacolejam, enquanto os filhotes, matreiras bolas de pelos, se debatem e se aglutinam como tranças de cabelo.

As abelhas se evolam sobre o meloso mel, num zum, zum zum infinito. As cigarras num escarcéu de cantarolas ditam a sinfonia da felicidade que impera celestial.

O febo se despede, formando arrebóis no entardecer, os filamentos de raios rutilantes dissipam-se entre os longos prados verdejantes, enquanto as aves gorjeiam lentamente.

As bagas caem suculentas dos pés de angiospermas, se espatifam no chão e viram banquete para os antílopes que saltam feito cangurus.

A sombra da velha figueira dobrada pelo tempo dorme um matuto, com capim ralo no canto esquerdo da boca a espera do rebanho.

Na casa singela, desbotada, descolorida, a mãe grita o menino que flanava no terreiro fazendo zig-zag fingindo ser avião, a comida está pronta grita a mãe, os deuses dessem a terra, pois o cheiro é divino.

O redemoinho espalha as folhas secas, que se despedem no ar, como vidas que tomam caminhos diferentes.

A revoada de andorinhas riscam as nuvens alvas, como se estivessem brincando na neve. A abelha colhe o pólen da margarida gentil, ao lado do sabiá que se declara em piscadelas e dançar hilariante para a pombinha amada.

O frenético bater das asas do Beija-flor provoca um frenesi de aragens agitadas que sacodem com doçura as pequeninhas aranhas que copulam entre as flores primaveris.

A minhoca se esconde do pescador, o broto de rosa desabrocha o ovo da salamandra eclodi, a pombinha não resisti e se entrega ao sabiá.

O dia se despede, a noite faminta engatinha trazendo contigo cataporas fulgurantes, a lua lambe o céu e permanece ali intacta velando o mundo.

E a felicidade? Foi à causa de tudo.

Andre Santana
Enviado por Andre Santana em 23/07/2014
Reeditado em 23/07/2014
Código do texto: T4893104
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.