HUMBERTO DE CAMPOS UM MESTRE DA CRÔNICA

Eu tinha 15, ou 16 anos quando comecei a ler a obra genial de Humberto de Campos Veras. O genial escritor miritibano, morreu aos 48 anos de idade, deixando uma obra imensa. Ele tinha 6 anos de idade quando ficou órfão de pai. Tendo se criado na pobreza, Humberto de Campos sofreu bastante. Aos 7 anos mudou-se para Parnaíba, no Piauí. Com 9 anos de idade foi ele aluno de Dona Sinhá Raposo, aí em Parnaíba. Logo aprendeu as primeiras letras, com esta professora mambembe. E começou a ler sozinho como sempre fez durante toda a sua vida. Em Memórias a sua obra autêntica a gente passa a conhecer toda a sua história de beletrista humilde. Humberto de Campos é um exemplo para todos aqueles que só pensam no dinheiro, ou nas aparências, ou ainda na tal sorte falada. Durante quarenta e oito anos de existência ele compôs 50 livros. Foi o cronista mais lido deste Brasil periférico. Faz 30 anos que venho lendo Humberto de Campos e acompanhando toda a sua trajetória de cronista famoso e grande poeta. O Irmão X, na literatura nacional teve grande destaque como Machado de Assis e tantos outros autodidatas. Em Memórias está escrito toda a sua curta existência e os altos e baixos de sua vida como escritor pobre e um homem predestinado para as letras. Humberto de Campos tinha um grande talento para fazer suas crônicas e colocava a vírgula no lugar certo como ninguém. Quando quero me lembrar da minha terra, dos meus amigos, dos meus parentes, basta eu ler um texto de Humberto de Campos que me recordo a velha Malhadinha e à casa do meu avô, onde fui criado. O Diário Secreto confessa toda a intimidade do genial contista com as letras do nosso país, com a política nefanda e com seus colegas da academia da qual ele foi membro. Humberto de Campos, como Cora Coralina, Antonio Sales, Machado de Assis, Patativa do Assaré, Lima Barreto e muitos outros geniais artistas, são um exemplo para nossa pátria tão carente de heróis. O Monstro e outros contos de Humberto de Campos é um livro que não deve nada a nenhum outro escritor brasileiro. Sepultando os meus mortos é outra obra imbatível do escritor maranhense e, mormente brasileiro. Quando um dia os nossos docentes tiverem mais amor à cultura, Humberto de Campos será lido, discutido e bem respeitado como um exemplo de cultura deste país. Em Sombras que Sofrem, o genial poeta traça o perfil daqueles que vêm ao mundo somente para sofrer. Está escrito em Memórias os dias da sua infância triste e órfã, e, sobretudo, as suas travessuras de menino danado. Em um capítulo triste ele registra um brinquedo roubado, ou ainda quando trabalhava na mercearia do seu tio, o roubo que fazia na gaveta da casa comercial de Emídio Veras em São Luis do Maranhão. Com 15 anos Humberto de Campos deixou Parnaíba no Piauí e foi trabalhar na Casa Transmontana em São Luis do Maranhão. Naquela casa comercial o futuro escritor fez de tudo: lavava prato, varria o piso do prédio, lavava garrafas e à noite ia ler na Biblioteca de São Luis. Muitas vezes saindo da biblioteca não tinha onde dormir, e perambulava pelas ruas a noite toda. Ele mesmo confessa que chegou a dormir em forno de padaria por não ter dinheiro para pagar o mais simples quarto de dormida. Em 1930, Getúlio Vargas toma conta do país e ameaça um exílio ao genial escritor. Quatro anos depois falece Humberto de Campos deixando uma obra gigantesca, para aqueles que gostam da cultura e um exemplo para a nação que a força de vontade é tudo. Seis anos depois da morte do grande poeta, ergueu-se um verdadeiro teiró entre a família do escritor e a Casa Espírita do Rio de Janeiro. O então médium Chico Xavier começava a psicografar as obras de Humberto de Campos que findou uma tremenda polêmica com a esposa do poeta, Dona Paquita Virgulino de Paiva. O Conselheiro XX, passou a ser o Irmão X. Eu tenho toda a obra de Humberto de Campos e leio diariamente o pensamento do famoso escritor maranhense e grande figura das letras nacionais. A escrita de Humberto de Campos é o retrato de um povo sofrido, é a vida de uma nação que até hoje não é feliz.

Autor: Antônio Agostinho.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 25/07/2014
Reeditado em 06/03/2015
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