Recaída

Ontem à noite chorei como nunca havia chorado antes. Porque? Por você. Isso mesmo, não houve erro de ortografia e você também não leu errado. Eu chorei por você mais uma vez. Eu juro, juro mesmo, que não queria, mas as lágrimas tomaram vida de uma maneira tão natural que não me permiti interrompê-las.

Eu queria entender, por tudo que é mais sagrado em todas as crenças desta vida medíocre, eu daria qualquer coisa para saber porque ainda choro por você. Eu não posso te amar, de jeito nenhum. Você já judiou demais de meu coração, como ele ainda pode dedicar batidas à você? Me diga, escreva, gesticule, desenhe, rabisque, piche, faça sinal de fumaça, mas, por favor, faça qualquer coisa que me ajude a entender porque ainda te amo.

Tenho vontade de matar meu coração a cada vez que ele bate por ti. Porque logo por você? Porque ainda para você? Eu me pego lembrando das coisas que passaram-se entre nós. Das coisas ditas, escritas, prometidas e cogitadas. Apanho-me imaginando o que fiz de errado para perder-te de um dia para o outro. Flagro-me divagando porque tudo acabou antes mesmo de começar, como páginas de um livro machadas por café. Permito-me, ainda, questionar-me porque tenho sempre tendência de achar que sou eu o errado. Porque a culpa tem que ser minha? Ora, eu sou um cara tão legal! Não o mais bonito. Não o mais forte, mais alto ou com mais recursos, mas poxa, eu tenho um coração. Entupido de amor e que parece clamar apenas por ti.

E o que mais me machuca, me mata e me dilacera por dentro, é saber que você sabe de tudo isso. No segundo em que deito na cama à noite e lembro-me que você está por aí sabendo que te amo, tudo que consigo fazer é chorar. Chorar e perguntar-me: Porque?

A conclusão? Sou um idiota! Um idiota por ainda pensar em você com amor. Um idiota por ainda te querer, te desejar de todos os modos que um homem pode desejar uma mulher. Um idiota por deixar-te usar e abusar de meu coração, sem ao menos saber. Um idiota por imaginar infinitas formas possíveis que o que sinto é recíproco e que é apenas questão de tempo até que tu percebas. Um idiota por jurar diante de uma caneca de café, que jamais escreveria textos para ti outra vez e, ainda assim, aqui estou. Sou um idiota, acima de tudo, por te amar. Droga, eu te amo! Eu te amo com toda a força e significado que esta palavra possui. Eu te amo, com a certeza mais incerta deste mundo. Eu te amo, na esperança cega, falha e suicida, de que um dia, nem que por um segundo, você me ame também.