Valete.

Contentava-me com pouco até você chegar e abrir o armário do meu coração debruçar-se sobre a sobriedade que por hora imperava, e embebeda-la com o primeiro porre de amor.

Agora me encontro ébrio como se a mente alcoolizada roga-se pela sanidade de outrora, agora ela viaja sem minha permissão e quase sempre pra mais perto de ti.

O estomago às vezes também quer conversar, mas fica difícil reconhecer resmungos e sons inaudíveis, uns dizem ser borboletas, outros acham ser cólica eu prefiro pensar que o corpo sente e avisa da maneira dele que a busca termina, agora resta convencê-la.

Eu era fraco e não sabia, pensava eu que a força provinha de músculos e dos livros que lera no decorrer das horas que passam. Imaturidade minha pensar que a força provém de coisas e não de sentimentos.

Bem, ninguém que se sinta forte fraquejaria com tanta facilidade como fraquejei quando me vi fitando duas covinhas e uma bochecha rosada, enquanto os lábios se entumeciam por uma quase imperceptível passada de língua ligeira, talvez estivessem secos, ou me provocando, mas acho a segunda opção pouco provável.

Os olhos negros pareciam jabuticabas, como adoro jabuticabas, lembro-me da minha mãe falando pra mim que minha avó falou pra ela, que se deve ter cautela para não comer as cascas em excesso porque pode provocar certos contratempos fisiológicos, bom não sei se elas falavam da mesma fruta.

Eu até tento, mas você me invade, não bate na porta, não pedi pra entrar, nem cumprimenta quem está na sala, vai direto pro quarto do meu coração, deita no meu colo, e fingi ter sido convidada e eu já não possuo mais forças para expulsa-la.

Só sei que às vezes com o pouco que sei, não sei é nada, e não gosto de me sentir assim, até pouco tempo tinha total controle sobre mim, e agora mais pareço valete sendo subordinado as ordens do coração rei, como numa berlinda desgovernada numa estrada tortuosa, mas confesso que se a cada parada você estiver com esses olhos negros a me esperar, continuo sem pestanejar e com sorriso na alma.

Andre Santana
Enviado por Andre Santana em 29/07/2014
Código do texto: T4901239
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