O Abraço do Mendigo

“Pobre Mendigo, por causa do miserável Homem Rico!”

Era véspera de Natal, numa noite brilhosa e sem chuva.
Noite dos pisca-piscas, da troca de presentes e de banquetes com Chéster!

O mundo havia alcançado a Paz Perpétua Kantiana por um dia e mais um pedaço de outro dia. (Tudo graças ao Sistema Capitalista de Consumo e é claro, o Bom Velhinho, o garoto-propaganda da Coca Cola, Papai Noel!)

Passeava tranquilamente quando, pusera os olhos do outro lado da Praça da Cidade, e deparei-me com meu objeto de desejo:

- Churrasquinhos no espeto!

Sentia uma fome colossal e fui rapidamente ao encontro da barraquinha como bom representante da Geração Fast-Food.

Foi ai que cruzei com seis pessoas naquela praça, um tanto singulares: Dois cachorros e quatro mendigos.

Os cães eram felizes por terem um ao outro. Quanto aos cavaleiros renegados, blindavam, com um nada suave destilado de cana caiana, às suas glórias do passado.

- Dois espetinhos, por favor!
Meu coração se apertara ao contemplar a cena.

Tive uma idéia!
- Aqui está, um espetinho pra cada um!

Um deles se dirige pra mim e diz:
- Posso te pedir uma coisa? Antes de encher seus pulmões de ar pra dizer que não, deixa eu te dizer uma coisa... (em seus olhos, lágrimas).

- Posso te dar um abraço? Deixa eu te dar um abraço!

Abraçou-me no meio da multidão alienada, tão calorosamente como um pai que abraça seu filho, que a muito não via.

E eu só conseguia pensar numa coisa:
“Logo na minha camisa branquinha!”

Ah, já ia me esquecendo:
- Feliz Natal!