Filho

Filho.

Não se envergonhe de mim.

Sei que estou velho

Faltam-me alguns dentes

Que uso a mão para comer

Que derramo a comida do prato

Que não tenho o controle sobre meu corpo

Porém te prometo

Sempre que chegar visitas embora

Curioso para saber e contar casos

Vou me esconder em meu quartinho

Até a visita ir embora

Eu me orgulho de você

E de sua importância

Mas gostaria tanto que você

Conversasse comigo

Ao invés de me reprimir

E entendesse que

Tudo que acontece comigo

É normal para minha idade

Ouvi você e sua esposa

Comentando de uma internação

Você está sendo mais carinhoso que antes

Todos estão diferentes.

É para o bem de todos

Então vou para onde me mandarem

Só que vou morrer

Embora me maltratem adoro vocês

Amo você, sua esposa e meus netos.

As brincadeiras embora maldosas

Dizem que estou presente na vida de vocês

Os conselhos deixei de dar

Pois percebi que era motivo de chacota

Enfim seja o que vocês desejarem

Mas mesmo assim

O anjo da guarda

Que sempre me protegeu

Passo a ele a missão de protegê-los

Já que eu não posso

De sei pai

OripêMachado

Veneno de Cobra.

Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 04/08/2014
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