LIMOEIRO...

Limoeiro

Vendo seu porte, ouvindo o farfalhar suave de tuas folhas, leve brisa, acompanhada pela saudade, me ataca, com o carinho das lembranças da infância, agora já distante.

Não sei dizer o porquê dessas recordações, mas, me fazem bem nesse momento de solidão temporária...

Lembro de você, ainda semente em minhas mãos, mãos de criança curiosa e afoita, querendo ver, como se fosse possível, seu crescimento em um passe de mágica...

Você não sabe, mas me ensinou muito.

Aprendi com você saber esperar, a acreditar na mudança, a me submeter aos acontecimentos contrários, mantendo a firmeza de quem sabe a que veio.

Pequenino, firme, enfrentando todas as adversidades.

Cresci, vendo você crescer... Senti o perfume de sua primeira florada... Colhi seu primeiro fruto, e recordo, revivendo a alegria daquele momento...

Limoeiro, meu velho companheiro... Quantas foram às vezes em que ao seu pé me sentei, desfrutando de sua companhia, sua sombra, seu silêncio que me ouvia...

Você me viu chorar, me viu sorrir, desanimar, amar sem ser amada, viu e ouviu meus erros e acertos.... Você me viu “viver”... E eu vi você crescer, sem atinar naquele momento, que também estavas vivo...

Lembro das brincadeiras, correrias, dos momentos em que imaginava que você sofria, pela perda temporária de suas folhas, para logo mais, ver você lindo, verde, florido, renovando, renascendo sempre...

Assim também foi comigo... Em alguns momentos de minha vida, perdi as “folhas”, pensei que morria, mas, em seguida renascia... Você me ensinou saber esperar por esse momento, usando a calma e a resignação, renovando as esperanças...

Ah! Meu velho limoeiro, que saudades daqueles tempos irresponsáveis de criança, onde a preocupação maior era “brincar de que?”... Dos amigos que se perderam no tempo, mas se encontram, ainda, guardados no coração... Das traquinagens infantis, que não prejudicavam ninguém,... Dos amores juvenis, que se jurava ser eterno...

Foram-se esses dias de alegria pura, de “sofrimentos incalculáveis”, que hoje fazem rir...

Como você, tive meu tempo de “nascer”, meu tempo de “crescer”, meu tempo de “florada”, meu tempo de “frutos”,... Meu tempo de perder o “viço”, e de recuperá-lo...

Aprendi com você, que sempre é tempo de viver, com ou sem folhas vistosas, com ou sem flores ou frutos, porque sempre posso ter comigo minha “sombra”, para ofertar nos dias de “sol quente”, e meus “galhos”, para proteger nos dias de “ventos gelados”

Aprendi com você, que sempre haverá vida, e que se a minha se extinguir, ficarão as “sementes” que eu possa ter colocado em meus “frutos”... E elas, certamente germinarão um dia... E por sua vez, darão seus frutos... Aprendi com você, que sempre haverá tempo para renovar...

Ah! Meu companheiro, meu confessor, meu professor... Ah! Meu velho limoeiro!

Anail
Enviado por Anail em 17/05/2007
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