Onze da manhã

O quarto pouco iluminado. O piscar constante e frágil de uma luz verde nasce do relógio frente à cama, descansado nos corpos sobre ela. Costas, braços, mãos e pulsos: As veias sinuosas e sobressaltadas são contraponto aos sombreados e salientes sulcos da carne. Meus dedos acariciam o rosto que repousa em meu peito. Nossas peles parecem envoltas por um véu; nenhum lençol. Quentura do sexo após o sexo. Sinto o menor de seus movimentos à um centímetro de distância. A luz verde pisca de segundo em segundo, flash da nossa fotografia. Um frio fino, como as costas de sua mão esguia, sobe por entre e através de minhas pernas; me aconchego nas suas. Posso sentir seu joelho direito mais gelado que o resto do corpo, cubro-o com a minha quentura. Já não existe diferença entre nossos perfumes. Você não sorri, nem precisa, nem preciso.

García
Enviado por García em 11/08/2014
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