A paz é comestível?

A paz é comestível? Muito fala-se da necessidade da paz. Em todos os níveis e em todas as instâncias, desde o aspecto religioso e espiritual até os interesses corporativos de conglomerados empresariais. Desde receitas para o bem estar pessoal e íntimo até as demandas populares e políticas de movimentos sociais.

Mas existe algo intrínseco à essa paz que queremos com a qual não podemos viver sem ela, como necessitamos do alimento todos os dias? A Pax americana e o desejo de formulação de uma nova sociedade baseada em democracia e bem estar está falida, o american way of life bem como o welfare state não são mais tão fascinantes como o eram em outros tempos. O fim da guerra fria sepultou também os EUA como modelo, não só a nação antagonista. E essa nova ordem mundial está totalmente fora de ordem.

Violência, guerras, doenças, corrupção, terrorismo; a lista das mazelas do nosso tempo é infinita. E é como se não pudéssemos mais viver sem esses problemas, é como se nós os alimentássemos e eles nos alimentassem num frenesi de círculo vicioso. Alguma coisa precisa ser feita, dizem alguns. Mas o que?

Não existe uma saída fácil. Porque a internet, a telefonia celular e outras novas mídias nos colocaram em conexão direta e ininterrupta com o mundo em segundos e hoje todos querem pertencer a um determinado grupo seja físico ou virtual, seja na sua própria comunidade ou em outro continente. E, de novo, nós alimentamos essa parafernália globalizante e ela nos alimenta numa mesma proporção.

Vemos sucessivos conflitos na Faixa de Gaza entre palestinos e israelenses. Vemos grupos terroristas implantarem uma cultura de morte e vemos, por outro lado, um terrorismo de Estado em muitos países. Nossos governantes, na melhor das vezes, tem mascado o chiclete da paz quando lhes é conveniente e depois jogam fora, o já gasto chiclete, sem sabor. É preciso mais do que isso. É preciso mastigar e engolir a paz. É necessário alimentar-se da paz.

Só quando a paz estiver nessa equação de “alimentação”, só quando a paz fizer parte desse processo, ela será vista como um modelo a ser seguido ou, até mais do que isso, como algo natural que vem de dentro de nós mesmos. A paz interior precisa ser alimentada e nós precisamos alimentá-la. Sim, porque apenas começando pelo interior poderemos enfrentar o exterior. O macrocosmo e o microcosmo sendo harmoniosamente levados em consideração.

A paz é palavra de ordem em todo clamor sério por direitos humanos desde às altas esferas da ONU até a reunião do síndico do prédio hoje em dia. Mas se não pudermos vivenciar a tão esperada e conclamada paz de Cristo que os convidados para a celebração da eucaristia na igreja vivenciam – ou deveriam vivenciar – a paz não acontecerá. Enquanto isso, não será o corpo de Cristo nem o seu sangue que estaremos celebrando, mas a morte de uma nova sociedade que fenece antes mesmo de nascer.

Não importa, no entanto, a sua religião e nem se você não acredita em nenhum Deus. Importa sim – e muito – que você expanda o seu amor e a sua paz a todos os seres do planeta e do universo a fim de realizar e experimentar uma paz interior. Daí, de dentro para fora, virá a paz que almejamos.

Estará incluída no seu cardápio de todo dia, essa nossa tão necessária alimentação? Aliás, a paz é comestível?

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 11/08/2014
Código do texto: T4918663
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