Amor meu grande amor
Passou muito tempo
O relógio enlouqueceu
Bateu em retirada
Outro dia o encontrei
Cabisbaixo, embriagado
Num boteco da vida
Ele perdidamente embriagado
Os ponteiros não mostravam mais nada
Apenas segurava um copo de vodka
O outro o menor, acotovelando-se apoiava a grande cabeça.
Os números todos desarrumados, no lugar do 6 estava o 1
No lugar do um o quatro, no lugar do quatro o doze.
Vixi Maria estava trebado de tanto entornar aquela bebida.
De gole em gole, o relógio, quase leso, ainda conseguia um fraco tic-tac
Estava triste, pois seu grande amor, partira com o último modelo.
Um suíço, de fino trato, todo requintado, com batidas fortes, pausadas em segundos perfeitos.
Um modelo clássico, mas dos mais modernos.
O relógio todo engasgado de tanto chorar, resolveu que um porre daria um jeito.
E que porre.
Já passava das ..., chi, nem conseguia saber a hora, de tanto que bebera.
Os ponteiros já se entortavam, mal conseguiam parar de pé.
Apoiava-se na ponta da mesa com muita dificuldade.
Chorando lágrimas de uma partida.
Perdera seu único amor, uma pulseira colorida para um relógio suíço.
De números fortes, ponteiros vigorosos.
Tinha até calendário, mostrador branco, um charme.
Ele ali, na mesa do bar, nem pensava mais direito, nem sabia mais qual era seu nome (marca), esquecera de quantas horas foi feliz ao lado de sua amada.
E do nada ela se foi, com um relógio suíço